sábado, 1 de outubro de 2011

Festival de Brasília - Seminário recebe visita surpresa


Se o primeiro dia do seminário "Novas Perspectivas para o Cinema e para o Audiovisual Brasileiro" havia sido marcado pelas ausências da ministra Ana Buarque de Hollanda, do ex-ministro José Dirceu e da gerente do departamento de cultura do BNDES Patrícia Vieira Machado, o segundo começou com uma surpresa.

Sem ser esperado, José Dirceu apareceu no evento nesta quinta-feira para acompanhar a mesa que discutia "A Produção Independente e  a Parceria com a Televisão". Aproveitando a presença, a organização interrompeu o debate e concedeu a palavra ao ex-ministro, cuja presença no seminário foi alvo de muita discussão na mídia desde que anunciada.

Dirceu falou por pouco mais de dez minutos, destacando sua forte relação com o cinema. Segundo ele, seu primeiro ato contra a ditadura foi como cineclubista. Contou ainda sobre o exílio em Cuba e apontou que o regime militar impediu que a geração de 68 se tornasse uma espécie de segunda Semana de Arte Moderna. Concluiu dizendo: "cuidar de cultura, em nosso país, é cuidar do per capita. Se existe um plano de aceleração e crescimento da economia, tais estratégias devem e merecem chegar à cultura brasileira."

Durante a parte da tarde, o seminário voltou a sofrer com uma ausência. Cacá Diegues não pôde comparecer à mesa "Mecanismos de fomento ao cinema e ao audiovisual: investimentos, resultados e meritocracia" por causa de um problema de saúde. O diretor de Bye Bye Brasil, no entanto, fez questão de encaminhar uma carta explicando a ausência e tratando um pouco sobre o que iria debater no seminário.

"Pouca gente se dá conta de que a história do cinema no Brasil é mais que centenária. Apenas seis meses depois da primeira projeção mundial de um filme, em dezembro de 1895, na França, filmes já eram exibidos no Rio de Janeiro, num café da rua do Ouvidor. Logo depois, o Brasil seria um dos primeiros países do mundo a fazer filmes e, já na primeira década do século 20, se tornaria um dos maiores produtores de fitas em duas ou três partes, numa época em que ainda não havia sido estabelecido o padrão de longa-metragem, com duas horas de duração. Apesar disso, o cinema brasileiro nunca teve uma história fluente, o cinema nunca chegou a ser uma atividade permanente no país, vivendo de ciclos mais ou menos curtos que se abriam com muita expectativa, alcançavam a euforia e se encerravam subitamente, por razões que nem sempre eram de responsabilidade dos cineastas. Da Belle Époque aos ciclos regionais, da chanchada carioca à Vera Cruz paulista, do Cinema Novo à Embrafilme, foram diversos os motivos exteriores ao cinema, de ordem econômica, política ou institucional, que causaram o fim desses soluços cinematográficos do país", destacou Diegues em sua carta, cuja versão completa por ser encontrada no site oficial doFestival de Brasília.

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