quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A cultura popular vista na tela




Prestigiado diretor de fotografia e cineasta de longas como "Cazuza - O tempo não pára" (2004) e "Budapeste" (2009), Walter Carvalho participa hoje em Natal como convidado da mostra Cultura Popular no Cinema, programação audiovisual do Agosto da Alegria. A mostra começou ontem e traz documentários que tratam do cotidiano brasileiro e sua gente. 

O documentário de Walter Carvalho exibido hoje é 'Moacir Arte Bruta". A projeção começa às 19h, no Teatro de Cultura Popular (TCP) localizado na rua Jundiaí, Tirol. A entrada é franca e o teatro comporta até 200 pessoas.

Carvalho participa de bate-papo logo após a exibição do seu documentário, que conta a história do pintor Moacir, nascido na região da Chapada dos Veadeiros-GO. Negro, com problemas de audição, fala e formação óssea, Moacir pinta desde os 7 anos, forma que escolheu para se expressar. Excêntrico, ele pinta com sensualidade e erotismo, mesclando seres humanos, animais, plantas, figuras satânicas e místicas.  

Carvalho deverá falar sobre este e outros temas ligados à cultura popular e o cinema. "Acho que nos últimos anos o cinema brasileiro tem se empenhado em levar às telas um retrato mais fiel do que somos, seja através da ficção quanto do documentário", adiantou, em entrevista por telefone. Neste tema, Carvalho dirigiu também "Lunário Perpétuo", espetáculo de Antônio Nóbrega.

Como fotógrafo de cinema, trabalhou com grandes nomes do cinema nacional, como Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Também manteve uma parceria frequente com o cineasta Walter Salles, com quem trabalhou em vários filmes, entre eles Terra Estrangeira, Abril Despedaçado, O Primeiro Dia. Recebeu diversos prêmios como diretor de fotografia e fiz novela e séries de tv. É irmão do documentarista Vladimir Carvalho. 

VIVER - Você rodou o Brasil como diretor de fotografia. Acredita que o povo se vê pouco no cinema, poderia se ver mais?

WALTER CARVALHO - Acho que nos últimos anos o cinema brasileiro tem se empenhado em levar às telas um retrato mais fiel do que somos, seja através da ficção quanto do documentário. Cito um dos filmes favoritos, o "Tropa de Elite". O Brasil está ali. O cinema talvez tenha sido uma das atividades culturais brasileiras que mais tem revelado as entranhas do país, em questões políticas, culturais, sociais, etc. 

Por que o universo de Ariano Suassuna é tão atrativo para o cinema? 

Porque Ariano é um autor que traz na raiz de sua obra as características de uma das regiões mais fortes do país, que é o Nordeste, por isso ele seja o mais representativo. É uma fonte inesgotável cujo imaginário não tem fim, circulando entre comédia, tragédia, literatura de cordel, romance de cavalaria e religião. É uma convergência de todas as nossas influências culturais, muito peculiar e seminal. 

Acredita que novelas como "Cordel Encantado" e minisséries como "A Pedra do Reino" ajudam a entender ou inserir a cultura popular? 

"Pedra do Reino" fez isso integralmente. Não só pelo texto, como também pela excepcional direção de Luiz Fernando Carvalho. Quanto ao "Cordel", considero que é um pastiche que fica aquém da minissérie. O mote foi interessante, mas empobrece à medida que codifica a dramaturgia a serviço de um veículo que não se preocupa em fazer pensar. Transforma o espectador em torcedor. Já a "Pedra" levava o espectador à reflexão. Mesmo assim, acho louvável um trabalho como o "Cordel", bem melhor que as histórias urbanas e corriqueiras. 

Seu filme sobre Raul Seixas, tem previsão de lançamento? 

Vai ser lançado em dezembro. Estou trabalhando direto na mixagem dele. 

fonte:
http://tribunadonorte.com.br/noticia/a-cultura-popular-vista-na-tela/191692

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