quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Museu Mazzaropi em Taubaté oferece exposição permanente e interativa sobre a vida e obra do ator

Visitar o Museu Mazzaropi, em Taubaté, é um bom programa de um dia. O museu retrata a vida e a obra de Amacio Mazzaropi, o imortal Jeca do cinema nacional, e um dos destaques é a exposição “Mazzaropi, para a felicidade do Brasil”, uma mostra interativa, organizada com apoio do Instituto Mazzaropi. Durante a visita, todos podem conhecer em detalhes a trajetória de Mazzaropi ao longo de três décadas de intensa produção cinematográfica.


Uma linha do tempo foi traçada em 16 metros de painéis e mais 10 estações foram criadas para sinalizar os momentos mais importantes da carreira, tais como o primeiro filme pela Vera Cruz, o nascimento do Jeca ou ainda a criação de sua própria produtora, a PAM Filmes. Os visitantes podem interagir com os painéis, compreender como se dá a projeção de um filme na retina humana, movimentar cenas e mergulhar em filmes específicos através de grandes infográficos.

Os painéis foram produzidos através da impressão de imagens em acetato, afixadas em placas de vidro, garantindo não só durabilidade, mas também um aspecto único de negativo ou slide.

O museu fica ao lado do Hotel Fazenda Mazzaropi, conhecido como melhor hotel fazenda para crianças do Brasil. Ambos ocupam a área de uma fazenda que pertenceu a Amacio Mazzaropi e onde o ator construiu os maiores estúdios de cinema da América Latina nos anos 1970.

Serviço:
Museu Mazzaropi
Endereço: Estrada Municipal Amacio Mazzaropi, 201 – Bairro Itaim
Horário de Funcionamento: de terça a domingo, das 8h30 às 12h30
Ingressos custam R$ 8,00 por pessoa.
Telefone para agendamento de visitas:             (12) 3634 3447      
Na Internet: 
www.museumazzaropi.com.br

Barco-museu nas águas do Rio São Francisco. Cinema no Balanço das Águas


No próximo mês de setembro, a embarcação cultural vai abrigar o projeto Cinema no Balanço das Águas, idealizado pelo Museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, e selecionado no Programa BNB de Cultura, edição 2011.
Durante seis dias, experientes arte-educadores estarão nos municípios alagoanos de Pão de Açúcar e Piranhas para realizar oficinas de fotografia, vídeo e imagens (desenho, pintura e escultura).
As primeiras atividades acontecem nos dias 09, 10 e 11 de setembro, no povoado da Ilha do Ferro (Pão de Açúcar). Em seguida, dias 12, 13 e 14, a comitiva artística se instala no povoado de Entremontes (Piranhas). As oficinas acontecem das 8h30 às 11h; e das 14h às 17h.
A expansão das ações para a pintura, desenho e escultura foi possível graças às parcerias com o Sebrae, Sesc e das prefeituras das duas cidades contempladas pelo projeto.
Artistas de AL, PE e SP
Para garantir a qualidade das oficinas, o projeto Cinema no Balanço das Águas convocou um time de experientes artistas e educadores. Na área da fotografia estão Juarez Cavalcanti e Dominique Berthé, que vem de Recife para trocar experiências com os moradores do sertão alagoano.
Pedro Octávio Brandão e sua equipe ficam responsáveis pelas aulas de vídeo; enquanto o grafiteiro paulista Zezão ensina sua arte urbana a comunidade ribeirinha de Piranhas e Pão de Açúcar. A supervisão das oficinas é assinada pela artista Maria Amélia.
O resultado de tantas experiências se transformará numa exposição itinerante no barco-museu Santa Maria. A abertura está marcada para o dia 10 de dezembro, 10h, na cidade de Piranhas.
Logo depois, de 11 a 16, a embarcação percorre as águas do rio São Francisco, no trecho de Piranhas a Pão de Açúcar, com paradas tanto nas comunidades ribeirinhas de Alagoas, quanto no lado do estado de Sergipe.
“Quantos olhares profundos não serão revelados, paisagens, rostos, hábitos. Certamente teremos processos e resultados inesquecíveis”, diz Maria Amélia. “Despertaremos na população a necessidade de observar e registrar suas experiências e suas vidas”.
De acordo com ela, os moradores interessados irão participar de oficinas de noções e técnicas básicas da linguagem audiovisual, como uso da câmera, enquadramento, movimentos, planos, iluminação e som. Em cada etapa, explica, serão realizados exercícios práticos para que cada aluno produza imagens únicas.
“Este projeto será o início de muitas outras ações tendo o audiovisual como linguagem. Temos como objetivo a continuidade dessas oficinas como os próprios alunos produzindo os vídeos e usando-os como ferramenta de expressão e comunicação”, ressalta a artista.
Fonte:Assessoria/ Roberto Amorim

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Filme sobre o brega em Pernambuco será projetado nesta segunda no Cine São Luiz



Explosão Brega. Imagem: Márcia Mansur/ Divulgação
Márcia Mansur/ Divulgação

Assista ao vídeo
Assista ao trailer do filme Explosão Brega. Imagens: Anegra Filmes/ Divulgação

O brega recifense já provou ter força suficiente para merecer um documentário. Explosão brega, de Hanna Godoy, cumpre essa missão ao dar tratamento cinematográfico à cena, aqui representada por Kelvis Duran, Michelle Melo, Banda Kitara, Musa do Calypso, Mc Leozinho, Mc Cego e Metal, Mc Sheldon, Remixsom. Produzido com recursos do 1º edital do audiovisual, o filme será exibido pela primeira vez nesta segunda, às 19h, em pré-estreia no Cinema São Luiz, com presença dos artistas.
Ao contrário de outros lançamentos organizados às segundas-feiras no São Luiz, Explosão brega não terá entrada franca, mas ingressos a R$ 4 e R$ 2 (meia). O motivo é que, coerente com o tema, a produção tem como proposta desenvolver um modelo mais ligado com o público que com os editais. Se depender do apelo do filme, dos artistas e do volume do sistema de som, a sessão deve funcionar.
“Esse não é um filme de festivais. Ele compõe o desejo de produzir filmes com forte apelo de público, qualidade técnica de produção e que rendam bilheteria para que sejam autossustentáveis”, explica Hanna, que, para a divulgação, conta com a colaboração dos artisas em suas redes sociais, fã clubes e rádios comunitárias. “A escolha do São Luiz faz parte do desejo de percorrer o circuito de salas de cinema do estado”.
O longa de Hanna tem qualidades culturais e estéticas para agradar tanto aos amantes do brega quanto do cinema. O primeiro, irá se surpreender ao ver na tela grande os artistas em condições diferentes das estabelecidas pelos programas de TV. “Quando se pensa em brega a imagem que vem logo à cabeça é de algo tosco, sem requinte, exagerado e muitas vezes de mau gosto”, diz Hanna. “Ao entrar em contato com o movimento brega pernambucano percebi que há uma um enorme vontade de fazer as coisas bem feitas, com capricho e bom gosto estético, mas, às vezes, eles esbarram em dificuldades orçamentárias. Esse universo é rico e merece cuidado. E como no filme o personagem principal é a música tivemos cuidado redobrado com o som”.
A imagem seduz e abre caminho para a música, que ao vivo ou em estúdio, é utilizada para compor videoclipes. Um deles, de Kelvis Duran, faz uma paródia de Michael Jackson (Thriller) digna de Bollywood. Questões de mercado não ficam de fora. Em dado momento, o compositor de um dos grupos conta que muitos dos sucessos que geram lucro às bandas de forró eletrônico são originalmente compostas no bojo do movimento brega. Depoimentos e cenas de intimidade familiar completam a experiência.
As performances são fotografadas com apuro de luz e sombra, obra do fotógrafo gaúcho Juarez Pavelak, que já havia trabalhado em Pernambuco no curta Rapsódia para um homem comum, de Camilo Cavalcante. A edição, outro mérito do filme, é do carioca Rafael Mazza, montador de Onde a coruja dorme, de Márcia Berraik. A pesquisa é da antropóloga Márcia Mansur. Outro ponto interessante é que o filme evita especialistas ou pretensas autoridades para teorizar sobre o brega. No lugar, há o olhar 100% focado nos artistas e seu universo. Relação mais direta com o público, impossível. Dá até pra cantar junto.
O plano de Hanna é formar a Embaixada Brega, trilogia que vai se desdobrar sobre os bregas antigos e o tecnobrega. O segundo filme, Reis do brega, está em pré-produção e será anunciado nesta segunda à noite, com presença do Conde do Brega, Paulo Marcio, Augusto César, Banda Labaredas e Paixão Brasileira.
Por André Dib, do Diario de Pernambuco

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A melancolia não abate o tempo que passa


1.) Para o cinéfilo contemporâneo, A árvore da vida, de Terrence Mallick, eMelancolia, de Lars von Trier, são dois filmes surpreendentes e que atestam a capacidade criadora do cinema nos tempos atuais. Não deixa de ser uma verdade o declínio e, mesmo, o desaparecimento dos grandes realizadores inventores de fórmulas, com a infantilização temática a partir dos anos 70. Com a diversificação dos produtos audiovisuais da indústria hollywoodiana, em função de obras construídas pelos efeitos especiais, o cinema que se vê, hoje, nas telas do circuito comercial, é constrangedor e não suscita, no autêntico cinéfilo, a vontade de deslocamento, de locomoção, no sentido daquele ir ao cinema, pegar uma tela, de antigamente.
  2.) Vê-se de tudo, mas muito pouco de cinema. Os personagens não são gente de carne e osso, mas títeres, marionetes, que servem, apenas, para conduzir a ação. Até um macaco pode surgir mais convincente, como alma interior, do que os homens, a exemplo de O planeta dos macacos - A origem, assim como aquele Gollan de O senhor dos anéis. Por outro lado, as salas alternativas podem oferecer alguma substância não encontradiça nos complexos, como Homens e deuses (Des hommes e des dieus), de Xavier Beauvois.
  3.) Ainda que não seja hora de fazer balanço, não se pode negar que 2011 foi um ano atípico, com filmes respeitáveis que apareceram no circuito. A árvore da vida e Melancolia estão quase no topo de uma relação que contemple os mais expressivos filmes ao lado de Tetro, de Francis Ford Coppola, Cópia fiel, de Abbas Kiarostami, Meia noite em Paris, de Woody Allen, Além da vida, de Clint Eastwood, Homens e deuses, de Xavier Beauvois, entre outros que não me lembro agora no momento da digitação da coluna. Infelizmente, Tetro, súmula coppoliana de uma arte, de uma vida e de uma paixão, teve lançamento de escanteio, como sói acontecer aos grandes filmes não produzidos pelas grandes companhias americanas, pois o mercado exibidor é 99% controlado pelas multinacionais estrangeiras.
  4.) Terrence Malick é um realizador bissexto. Fez quatro ou cinco filmes na vida. Todos excelentes, como Terra de ninguémCinzas do paraísoAlém da linha vermelhaO novo mundo e A árvore da vida. Passa anos a escrever seu roteiro. É um perfeccionista, como Stanley Kubrick. O cinema, para ele, é um instrumento de reflexão e de pensamento sobre a condição do homem na terra. É um homem espiritualista ao contrário do dinamarquês Lars von Trier, um cético de carteirinha, que blasfema sobre o silêncio de Deus diante da miséria da existência. Mas dotado de um imenso talento, de uma grande criatividade.
5.) Enquanto isso, o VII Panorama Coisa de Cinema, evento organizado por Cláudio Marques no Espaço Glauber Rocha Unibanco, chegou ao fim. Foi uma semana de intensa participação e muita badalação, com as culturetes habituais soltas no pedaço. Se o cinema baiano sofre e se encontra com o pires na mão, o mesmo não se aplica aos festivais cinematográficos. Em julho, tivemos o Cine Futuro (nome novo do Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, cujo mentor é o cineasta José Walter Pinto Lima). Agora aconteceu o Panorama e, daqui a pouco, em setembro, a Jornada Internacional de Cinema, que está prestes a fazer 40 anos, tendo à frente Guido Araújo - a Jornada de 2013 promete ser histórica com Guido a completar 80 anos. Já? O tempo, realmente, passa rápido e, como diz o poeta, é o caso de se dizer: "Ó tempo, suspende o teu voo!!". A Jornada está a pedir socorros. Encontra-se sem recursos para ser realizada, porque a Petrobras cortou, inexplicavelmente, a verba que sempre destinou a ela.
6.) Se Glauber Rocha está completando 30 anos de desaparecido, Ruy Guerra, outro importante fundador do Cinema Novo, apesar de moçambicano, cumpre, como diz o espanhol, exatos 80 anos, idade que, antigamente, em eras priscas, era considerada uma idade de science-fiction. Se não está à altura da explosão ou do vulcão glauberiano, tem filmes fundamentais, a exemplo de Os fuzis (1963), que filmou em Milagres, cidade miserável do interior da Bahia - e que Glauber, coincidentemente, voltou a ela cinco anos depois para filmar O dragão da maldade contra o santo guerreiro, obra, a de Guerra, de profunda tensão sobre o cerceamento policial a um bando de famintos que tenta estourar um armazém de secos e molhados para saciar a fome. Antes, porém, Ruy Guerra realizou Os cafajestes, em 1962, causando escândalo com a sequência primorosa de Norma Bengell em nu frontal enquanto a câmera, dentro de um carro, faz círculos na areia da praia. Carlos Lacerda, então governador da Guanabara, com seu moralismo hipócrita, interditou o filme que, já lançado, saiu de cartaz. Mas depois foi reposto. Influenciado pela nouvelle vagueOs cafajestes é um filme inovador, que traz questões nunca dantes observadas no cinema nacional. São seus dois filmes mais cativantes. Realizou outros, como A ópera do malandroA bela palomeiraErendiraVeneno da madrugadaEstorvo (estes dois últimos intragáveis). Seu nome todo: Ruy Alexandre Guerra Coelho Pereira. Foi casado com duas lindas atrizes: Leila Diniz, a legendária, e Cláudia Ohana.
7) Para quem mora em Salvador, a marginalização em relação às grandes mostras de realizadores superiores é uma constante. No Brasil, houve retrospectivas completas e com os filmes em películas de 35mm - o que, mais adiante, vai ser impossível - de Alain Resnais, John Ford, Alfred Hitchcock e, agora, no Rio, Vincente Minnelli. Mas todas ficaram restritas ao eixo Rio-São Paulo, sendo que uma e outra alcançaram Belo Horizonte e Brasília. Tenho a impressão de que essas grandes mostras estão sendo realizadas para o aproveitamento, ainda, dos projetores que exibem películas em 35mm, pois o futuro é do digital. O que é importante não passa pelas plagas soteropolitanas, embora abundem os eventos cinematográficos, que apenas servem para constatar a falência do cinema contemporâneo.
8.) Um dos grandes críticos brasileiros, Carlos Alberto Mattos, autor de uma primorosa biografia sobre Walter Lima Jr, assim se expressou a respeito deMelancolia: "No primeiro ato, "Justine", o medo tem uma origem doméstica, íntima, interior. Justine (Kirsten Dunst), a noiva vacilante, transforma os sintomas de depressão em atentados ao bom andamento da cerimônia de casamento. Coadjuvada pela mãe superácida (Charlotte Rampling) e pelo pai meio psicótico (John Hurt), ela contesta os rituais da pontualidade, da fidelidade e da submissão. É uma espécie de apocalipse familiar o que ela provoca com suas atitudes. Nesta metade do filme, tudo se relaciona com sua angústia e insatisfação. Desse ponto mais introvertido de uma metafísica da alma, Melancolia passa no segundo ato para uma escala cósmica, um flerte com a filosofia da ciência, em que a fragilidade não é mais de uma pessoa, mas de toda a vida na Terra." 
9.) Mais de Carlos Alberto Mattos: "Nomeado "Claire", o segundo ato configura uma fenomenal mudança de escala e uma inversão de pontos de vista a respeito das duas irmãs. Claire, que parecia mais forte e integrada ao círculo das formalidades, revela-se uma mulher avassalada pelo pânico. Justine, a desequilibrada, é quem vai encarar o cataclisma com a serenidade dos que reconhecem o inevitável. Com essa polaridade ousada e vertiginosa, Von Trier cria um ensaio épico sobre o medo dos choques, da perda de estabilidade e da irrupção do caos."
10.) Visitem meu blog: http://setarosblog.blogspot.com

A roteirista Flavia Castro é conhecida no circuito audiovisual por...

A roteirista Flavia Castro é conhecida no circuito audiovisual por seus trabalhos ficcionais e por bolar textos para documentários. Sua carreira no cinema atinge nova etapa, agora na posição de diretora. A estreia na cadeira mais importante de uma produção chega da maneira mais pessoal possível e reflete em obra que vasculha marcante momento de sua vida. 

A gaúcha assina a direção de 'Diário de Uma Busca', em cartaz em São Paulo. A obra chamou a atenção por ter ganhado como melhor filme (dentro das categorias especiais de Prêmio da Crítica e Prêmio do Júri Estudantil) na edição do ano passado do prestigiado Festival de Cinema de Gramado. Atualmente, o longa-metragem também é exibido em salas da França. 

O documentário leva os espectadores a acompanharem a busca de informações sobre o que realmente teria ocorrido com Celso Afonso Gay de Castro, pai de Flavia, assassinado de maneira misteriosa em 1984, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

"Sempre trabalhei com cinema e tive vontade de fazer esse filme em especial. Nunca pensei em dirigir, mas queria e precisava contar essa história", explica a diretora. "Só eu poderia fazer esse documentário. Não vejo outro diretor para isso."

Segundo informações oficiais, a morte ocorreu quando Celso e um amigo militante invadiram a casa de um ex-cônsul do Paraguai que morava no Brasil. Os policiais que foram chamados para prender os invasores afirmaram depois que a dupla teria cometido suicídio.

Flavia aproveitou a experiência como roteirista para elaborar uma maneira de se sentir confortável na nova empreitada. "O filme é bastante estruturado na escrita para que pudesse me sentir mais segura nessa estreia na direção. Sabia o que e como contar tudo isso", afirma.

O projeto começou em 2002 e foram necessárias viagens para cinco países, entre os quais Chile, Argentina e França, onde ela e seu irmão João Paulo (o 'Joca') cresceram devido ao exílio vivido por seus pais. A infância da dupla acaba por ganhar destaque no documentário e serve como reflexo de uma rotina clandestina de militantes de esquerda durante os anos da ditadura militar. O relacionamento dos irmãos aparece durante toda a exibição, seja permeando certas lembranças ou na discussão típica entre irmão e irmã - neste caso, quanto aos rumos do projeto comandado pela filha mais velha. 

Contada em primeira pessoa, a trama levou a diretora a entrevistas marcantes. Segundo ela, "a parte mais difícil do processo foi conversar com policiais e legistas. Ouvi muitas coisas que não foram fáceis." Flavia revela também que, na busca por esses entrevistados mais delicados, não se identificou como filha de Celso.

Entre as partes mais divertidas, destaca as conversas com os familiares - que se mostraram mais complicadas do que o esperado - e o contato com militantes amigos do patriarca, que lhe emocionaram muito, mas de maneira positiva.

A aproximação mais pessoal com o legado do pai ocorre por meio da correspondência dele. Os diversos documentos acabam por revelar mais sobre as ideias do homem que brigava por seus ideais políticos. "Fui selecionando cartas que ajudassem a contar a história que eu queria. Em especial, peguei aquelas que falam da época em que ele vivia." O texto direcionado especificamente a Flavia e que é lida no fim do documentário é o que mais lhe influenciou. "Ela é especial para mim e diz muito sobre o que ele pensava sobre tudo", recorda a diretora.

Apesar da fome por trazer à tona a verdade, o que se tem em 'Diário de Uma Busca' é inconclusivo. O fato de não haver o término esperado não é essencial para o filme e acaba por exemplificar como os Anos de Chumbo ainda são obscuros. 

Quando questionada se a falta de informações causou insatisfação, a cineasta demonstra estar mais segura quanto à sua história pessoal. "É verdade: não descobri muita coisa além do que já sabia sobre o ocorrido. Hoje isso já não me incomoda tanto quanto já me perturbou no passado, mas ainda quero saber a verdade", diz Flavia.



fonte:
http://www.dgabc.com.br/News/5910039/cinema-familiar.aspx