quarta-feira, 22 de junho de 2011

NOVOS PARADIGMAS EM DEBATE NA 6ª CINEOP UNEM HISTÓRIA, PRESERVAÇÃO E EDUCAÇÃO


6a CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto - 15 a 20 de junho de 2011
Mostra de Ouro Preto reúne mais de 20 mil pessoas em seis dias de programação gratuita e aberta ao público
 
A 6ª CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto conseguiu estabelecer novos parâmetros de avaliação e reflexão em relação à chanchada produzida na década de 50 no país, ao mesmo tempo em que aproximou do debate a relação entre cinema e educação, sem perder de vista sua vocação de agregar valor de patrimônio à sétima arte. 
 
Enquanto a crítica e a academia trouxeram novas análises sobre a importância da chanchada, durante as mesas do 6º Seminário do Cinema Brasileiro: Fatos e Memória, o público em Ouro Preto mostrou que essa produção permanece tão atual e popular quanto foi no passado. Quase 60 anos depois, o público teve acesso à produção da década de 50 em cópias restauradas de filmes como O Homem do Sputnik (1959-Carlos Manga), Nem Sansão Nem Dalila (1954-Carlos Manga) e Rico Ri à Toa (1957-Roberto Farias). As sessões ficaram lotadas no Cine Vila Rica e no Cine Praça, emocionaram os diretores e arrancaram gargalhadas da plateia.  
 
No centro das homenagens, o cineasta Carlos Manga marcou presença com irreverência e humor na abertura do evento e no debate que reviveu o auge das chanchadas da Atlântida.  
 
“Seja nos anos 30, 50 ou hoje, sempre foi claro o desprezo histórico pelo cinema popular no Brasil. Os críticos sequer usavam a palavra popular para se referir à chanchada. Diziam popularesco, como se fosse desprezível”, disse a professora e pesquisadora Sheila Schvarzman, em debate que discutiu a chanchada no contexto da década de 50. Na mesma mesa, o também professor e pesquisador Maurício Reinaldo Gonçalves resumiu a tônica dos debates da temática histórica que ocorreram ao longo do Seminário do Cinema Brasileiro: “é fundamental e nunca é tarde para resgatar esse momento importantíssimo do cinema brasileiro”.
 
Em debate sobre a obra de Carlos Manga e as produções da Atlântida - acervo recentemente vendido para a Cinemateca Brasileira - Luiz Henrique Severiano Ribeiro, superintendente do Grupo Severiano Ribeiro, propôs uma reflexão sobre o que considerou ´mitos´ em relação ao estúdio Atlântica, como no que diz respeito a precariedade técnica. O público pode presenciar o percurso dos diretores da época, Carlos Manga e Roberto Farias, com a interação de uma plateia atenta.
 
Fortalecimento conceitual e político da preservação 
 
Criada na terceira edição da CineOP, a ABPA – Associação Brasileira de Preservação Audiovisual realizou diversas reuniões de trabalho ao longo do evento, que resultaram na elaboração do estatuto da entidade, além da eleição de sua primeira diretoria, composta por Marília Franco (presidente), Mauro Domingues (vice-presidente), Alexandre Pimenta (secretário), Solange Stecz (tesoureira) e João de Lima, Glênio Póvoas e Carlos Brandão (diretores).
 
Ainda entre os resultados das reuniões da ABPA esteve a elaboração da Carta de Ouro Preto 2011. No documento, os participantes do 6o Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros ratificaram a CineOP como fórum privilegiado de discussão e encaminhamento de reflexões e ações para a preservação do patrimônio audiovisual brasileiro.
 
A carta reforça ainda a necessidade urgente e fundamental de ampliar o diálogo com a Educação e a definição de uma Política Nacional de Preservação Audiovisual com vistas ao reconhecimento desse patrimônio cultural nacional de forma ampla e acessível a toda a sociedade. Entre as demandas emergenciais do setor, a ABPA recomenda como ações necessárias a presença do Ministério da Cultura/Secretaria do Audiovisual/Cinemateca Brasileira para estabelecer diálogo e parceria com a diversidade dos arquivos e acervos do Brasil; conclusão da obra civil da Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre; a retomada efetiva das ações desenvolvidas pelo CRAv, em Belo Horizonte e solicita declarar patrimônio o acervo do professor e pesquisador mineiro José Tavares de Barros. 
 
Os debates do Encontro Nacional de Arquivos foram intensos e refletiram a importância e os desafios da preservação audiovisual no país. A mesa “Políticas Públicas: Gerenciamento e Acesso aos Arquivos Audiovisuais”, com representantes do CTAv e Arquivo Nacional apontou a necessidade de políticas públicas elaboradas para o setor de preservação audiovisual; no debate “Modelos de Gestão de Cinematecas, Arquivos e Museus de Arte”,  representantes dos governos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais apresentaram alternativas de modelos de gestão para equipamentos culturais  implementados em cada um de seus Estados, utilizando-se  de  Organizações Sociais (OS) e Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
 
Já em “Documentação Correlata”, foi discutida a preservação do audiovisual para além da película – em roteiros, mapas de filmagem, cenografia, vestuário, objetos de cena, cartazes – através da experiência de organizações tão distintas quando o Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, a Biblioteca Nacional e o departamento de Memória da Produção da TV Globo.
 
Uma constatação comum a todos os participantes dos debates do Encontro Nacional de Arquivos é o avanço em relação ao valor das imagens e a implementação de ações na direção da salvaguarda, tratamento e acesso à produção cinematográfica brasileira. A mudança já é resultado dos encontros e discussões que acontecem nas edições anuais da CineOP, bem como da criação da ABPA, embora haja consciência dos grandes desafios que ainda existem. 
 
Marco Dreer, da Fundação Getúlio Vargas, lembrou que iniciativas como a criação de uma disciplina obrigatória de preservação no curso de audiovisual da Universidade Federal Fluminense, ampliou a  percepção da necessidade de preservação. “Agora é preciso estar atento e analisar os riscos e questões éticas da restauração, como o uso indiscriminado da intervenção digital nesse processo”. 
 
Educação em foco 
 
A 6ª CineOP inovou e ampliou sua programação de debates convidando a educação para dialogar e apresentar propostas de integração com o audiovisual no Brasil. A realização do 3º Fórum da Rede Kino – Rede Latinoamericana de Educação, Cinema e Audiovisual possibilitou troca de experiências, reflexões e ampliação da rede, com a presença de acadêmicos e educadores de todo o Brasil. 
 
O workshop internacional “A Potência Pedagógica da Imagem”, com a pesquisadora do Departamento de Investigaciones Educativas do México, Inés Dussel, destacou o papel fundamental do audiovisual na educação e a necessidade de buscar alternativas para o acesso ao conteúdo audiovisual que muitas vezes é desconhecido do grande público.  
 
Segundo Dussel, “a escola, o professor, precisam oferecer o que está além do acessível. Prover outra experiência que vá além do discurso dominante. Falamos hoje um esperanto audiovisual, baseado em imagens estereotipadas. O cinema pode e deve prover outras linguagens, aportar outras possibilidades expressivas que vão além do acessível aos jovens”.
 
Os participantes do 3º Fórum da Rede Kino redigiram também uma Carta de Ouro Preto 2011. Entre suas principais recomendações estão a necessidade de elaboração de um banco de pesquisa relacionado à produção de cinema e educação, o fim do limite no uso de filmes nas escolas, através do livre download e cópias de filmes pelas escolas para fins de ensino, e compromisso do Ministério da Cultura na continuidade do apoio a Programadora Brasil, definindo forma de adesão específica para escolas no uso do seu acervo.  
 
CineOP comemora 300 anos de Vila Rica 
 
A 6ª CineOP  reverenciou a cidade que há seis anos acolhe o evento e que completa este ano os 300 Anos de Vila Rica. O Cortejo das Artes com suas atrações - Valores de Minas, Bonecões do Zé Pereira, Pernas de Pau da Cia Estandarte e outras – contagiou o público pelas ruas históricas de Ouro Preto. Cinco shows musicais esquentaram o inverno de Ouro Preto e movimentaram o Galpão Cine Bar Show durante o evento. A exposição “A década de 50 no Cinema Brasileiro” apresentou as temáticas histórica e de preservação desta edição em imagens e textos. O lançamento de livros reuniu cinco importantes publicações com abordagens em trabalhos de pesquisa de acervos e educação.  
 
Alcance da Mostra  
 
Foram seis dias de programação totalmente gratuita, com a exibição de 77 filmes – entre longas, médias e curtas-metragens. O já tradicional Cine-Escola, por exemplo, contou com 10 sessões que, juntas, reuniram 4.147 alunos de 35 escolas da região. 
 
Foram realizadas oito oficinas, que certificaram 250 alunos. Onze debates reuniram 48 profissionais no centro das discussões do 6º Seminário do Cinema Brasileiro: Fatos e Memória. O Encontro Nacional de Arquivos e Acervos Audiovisuais Brasileiros reuniu 93 representantes de 50 arquivos e acervos de 15 estados brasileiros.
 
A CineOP movimentou a economia local atraindo grande fluxo de turistas a Ouro Preto. Um total de 280 convidados marcou presença durante a programação. Foram contratadas 146 empresas para a realização do evento, o que gerou mais de 1000 empregos diretos e indiretos. A equipe de trabalho somou 108 pessoas e 36 veículos de imprensa foram credenciados para a cobertura jornalística do evento. 
 
VEM AÍ: 
 
5ª Mostra de Cinema de Belo Horizonte – 5ª CineBH - www.cinebh.com.br 
 
De 29 de setembro a 4 de outubro de 2011
 
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A 6ª CineOP faz parte do programa Cinema Sem Fronteiras 2011. 
 
Informações para o público: (31) 3282.2366 – Universo Produção      
 
Na Web: www.cineop.com.br
 
No Twitter: universoprod
 
No Facebook: Universo Produção  
 
6ª CineOP - Mostra de Cinema de Ouro Preto - 15 a 20 de junho de 2011
 
Patrocínio: BNDES, Cemig/Governo de Minas, Oi
 
Apoios: Ministério da Cultura/SAV, Prefeitura de Ouro Preto, UFOP, Oi Futuro, Rede Globo Minas, Canal Brasil, 
 
Incentivo: Leis Estadual e Federal de Incentivo à Cultura
 
Idealização e realização: Universo Produção

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