domingo, 13 de novembro de 2011

Realismo e inovação são marcas dos filmes de Kubrick, aponta professor

Hernani Heffner, da PUC-RJ, particpou da Janela de Cinema do Recife.
Para ele, público da cidade não deve perder chance de ver filmes na telona.


Hernani Heffner (Foto: Roberto Beltrão / G1)Hernani Heffner incentiva público do Recife a ver
Kubrick no cinema (Foto: Roberto Beltrão / G1)
É uma oportunidade única para o público viver as sensações fortes provocadas pelos filmes de Stanley Kubrick diante da tela do tradicional Cinema São Luiz, na retrospectiva que faz parte da IV Janela Internacional de Cinema do Recife.

Quem diz isso é um profundo conhecedor da obra do cineasta americano, o professor da Pontifícia Universidade Católica e conservador-chefe do Museu de Arte Moderna - ambos do Rio de Janeiro - Hernani Heffner. Neste sábado (12), num encontro que fez parte da programa da mostra cinematográfica, ele deu uma aula sobre as formas usadas por Kubrick para produzir películas consideradas clássicas.
A palestra de Heffner aconteceu no cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no Bairro do Derby. Usando trechos dos filmes, ele demonstrou como funciona o "realismo" que marcam os trabalhos do cineasta que se tornou uma referência tanto para os amantes das produções hollywoodianas, quando para os apreciadores do chamado cinema alternativo. "O ator Jack Nicholson, que atuou no filme 'O Iluminado' disse, num documentário produzido depois da morte de Kubrick, que o diretor estava sempre tentando fotografar a fotografia da realidade", exemplificou Heffner. Para o professor, Kubrick desprezava os experimentalismos e sabia usar os recursos técnicos para trazer o público o mais próximo possível dos acontecimentos encenados diante da câmera.
Kubrick começou a filmar na década de 1950. Dirigiu produções de muito sucesso como "Spartacus" e "2001: Uma Odisséia no Espaço". Há quarenta anos, lançou "Laranja Mecânica", um filme que recriou a violência contemporânea em cenas fortes. Para trazer mais realismo às sequências, o diretor fez questão de captar um som de ótima qualidade. De acordo com Heffner, Kubrick foi o primeiro a usar, no cinema, o sistema Dolby Sterio - um método de gravação de áudio utilizado originalmente na gravação do disco "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles.

Mesmo em filmes que vão além do recorte do cotidiano, como o horror "O Iluminado", Kubrick foi realista a seu modo, insiste Heffner. Para isso, o diretor aperfeiçoou um equipamento de suporte que permite à câmera passear suavemente, quase como uma intrusa na cena, e acompanhar os personagens, mesmo em perseguições por corredores estreitos.
Todas essas experiências sensoriais e visuais só podem ser vividas nos filmes de Kubrick numa sala de exibição adequada para grandes espetáculos, como é o Cinema São Luiz, conclui Hernani Heffner. "É como a Mona Lisa: é preciso vê-la de perto para sentir a força da pintura, olhar um retrato não nunca será a mesma coisa", diz o professor, numa comparação entre a telona da sala escura e a tela restrita da televisão ou do computador. Por isso, quem quiser conhecer mesmo Stanley Kubrick deve aproveitar: a IV Janela Internacional de Cinema do Recife termina neste domingo (13).

Na Fundação, será exibido neste sábado "A morte passou perto", às 18h30, enquanto o Cine São Luiz tem "2001 - Uma odisséia no espaço" na programação, às 22h30. No domingo, o São Luiz exibe os dois últimos filmes programaddos: às 17h, "Dr. Fantástico" e, às 19h, "Barry Lyndon".

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