Em exibição de hoje a sábado, no Centro Cultural Banco do Nordeste, a Mostra Harun Farocki levanta a discussão sobre os filmes-ensaios do cineasta e suas investigações em torno da própria natureza da imagem
Os trabalhos fazem parte da Mostra Harun Farocki, realizada pela Casa de Cultura Alemã da Universidade Federal do Ceará (CCA/UFC), Curso de Cinema e Audiovisual da UFC, CCBNB e Instituto Goethe, de São Paulo. Serão exibidos sete filmes do cineasta, seguidos de debates mediados por artistas e críticos de cinema. O acesso é gratuito e os interessados devem solicitar inscrição pelo e-mail cca@ufc.br. Situado entre o documentário, o cinema visual e as artes plásticas, o chamado filme-ensaio de Farocki vem despertando interesse do público e do meio artístico, conseguindo extrapolar as tradicionais salas de exibição e ocupando espaços como museus e galerias de arte. Apesar de ainda bastante desconhecido no Brasil, Farocki possui mais de 100 filmes realizados desde os anos 1960 e tem se destacado entre a produção contemporânea dos últimos dez anos.
"Ele nem é tanto um cineasta de vanguarda experimental, nem documentarista, nem artista plástico. O cinema do Farocki é como se fosse um ensaio visual sobre a própria natureza da imagem. Como se perguntasse qual o limite da representação. Até onde uma imagem pode chegar", analisa Marcelo Ikeda, crítico, realizador e professor do Curso de Cinema da UFC. Ele é um dos convidados para debater os filmes após as exibições.
Ikeda destaca a construção meta linguística dos filmes, buscando desnudar os significados políticos e ideológicos que surgem a partir da imagem. Neste sentido, o cineasta investiga as diversas fontes de imagem que nos circundam cotidianamente, sejam elas peças de publicidades, telejornais e até as imagens de câmeras de segurança. "São filmes políticos, mas não pelos temas. São reflexões sobre a política das imagens", reforça.
Filmes
Hoje, serão exibidos os filmes "Operários ao sair da fábrica" (Arbeiter verlassen die Fabrik) e "Imagens da prisão" (Gefängnisbilder). Os filmes serão apresentados pelas professoras do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da UFC, Walmeri Ribeiro, e da Casa de Cultura Alemã, Ute Hermanns. Em ambos, Farocki faz uma montagem com cenas de diversos filmes para, a partir daí, lançar reflexões sobre as imagens. "Operários ao sair da fábrica" reúne cenas de trabalhadores fabris para discutir a iconografia e a economia da sociedade de trabalho e mesmo o próprio cinema. "Imagens da Prisão" vai além e mescla as imagens de arquivo cinematográfico com as de câmaras de observação de presídios e vídeos para formação de funcionários de penitenciárias.
Marcelo Ikeda é o convidado de amanhã para o debate sobre os filmes "Fogo que não se apaga" (Nicht löschbares Feuer) e "Como se vê" (Wie man sieht). Esse último levanta a discussão sobre o uso e a evolução da técnica ao longo da história. "É como se o homem fosse sendo substituído gradativamente pela máquina, com a automatização. É uma forma muito curiosa porque mistura entrevistas, imagens de arquivo, gravações do próprio Farocki", detalha.
Ikeda aponta ainda o fato de o próprio audiovisual ser inserido dentro do processo, como "uma espécie de meta linguagem que pensa o papel critico do próprio cinema". Na sexta, serão exibidos os filmes "Imagens do mundo e Epitáfios da Guerra" (Bilder der Welt und Inschrift des Krieges) e "Reconhecer e perseguir" (Erkennen und verfolgen), com mediação de Yuri Firmeza, artista plástico e professor do ICA/UFC. O filme mais conhecido do cineasta, "Videograma de uma revolução" (Videogramme einer Revolution), será exibido no sábado, a partir das 16 horas, com mediação de Osmar Gonçalves dos Reis Filho, também professor do ICA/UFC. Rodado em 1989, ele aborda a revolução comunista na Romênia, tendo como ponto de partida a tomada dos estúdios da principal emissora do país por revolucionários, que passam a transmitir imagens sob o seu ponto de vista.
Harun Farocki cursou a Academia Alemã de Cinema e Televisão, em Berlim, de onde foi expulso, em 1968, por razões políticas. Entre 1974 e 1984, trabalhou como crítico e editor da revista Filmkritik, (Crítica de Cinema), em Munique. Entre suas produções para o cinema estão filmes infantis, documentários, ensaios e ficções. A partir da década de 1990, ele passou apresentar seus filmes-ensaios em forma de instalações, ocupando, especialmente na última década, salas de importantes galerias de diversos países.
MAIS INFORMAÇÕES
Mostra Harun Farocki, de hoje a sexta, das 18h30 às 22h, e, sábado, de 16h às 17h30, no auditório do CCBNB (Rua Floriano Peixoto, 941, Centro).
Contato: (85) 3464.3108
Os trabalhos fazem parte da Mostra Harun Farocki, realizada pela Casa de Cultura Alemã da Universidade Federal do Ceará (CCA/UFC), Curso de Cinema e Audiovisual da UFC, CCBNB e Instituto Goethe, de São Paulo. Serão exibidos sete filmes do cineasta, seguidos de debates mediados por artistas e críticos de cinema. O acesso é gratuito e os interessados devem solicitar inscrição pelo e-mail cca@ufc.br. Situado entre o documentário, o cinema visual e as artes plásticas, o chamado filme-ensaio de Farocki vem despertando interesse do público e do meio artístico, conseguindo extrapolar as tradicionais salas de exibição e ocupando espaços como museus e galerias de arte. Apesar de ainda bastante desconhecido no Brasil, Farocki possui mais de 100 filmes realizados desde os anos 1960 e tem se destacado entre a produção contemporânea dos últimos dez anos.
"Ele nem é tanto um cineasta de vanguarda experimental, nem documentarista, nem artista plástico. O cinema do Farocki é como se fosse um ensaio visual sobre a própria natureza da imagem. Como se perguntasse qual o limite da representação. Até onde uma imagem pode chegar", analisa Marcelo Ikeda, crítico, realizador e professor do Curso de Cinema da UFC. Ele é um dos convidados para debater os filmes após as exibições.
Ikeda destaca a construção meta linguística dos filmes, buscando desnudar os significados políticos e ideológicos que surgem a partir da imagem. Neste sentido, o cineasta investiga as diversas fontes de imagem que nos circundam cotidianamente, sejam elas peças de publicidades, telejornais e até as imagens de câmeras de segurança. "São filmes políticos, mas não pelos temas. São reflexões sobre a política das imagens", reforça.
Filmes
Hoje, serão exibidos os filmes "Operários ao sair da fábrica" (Arbeiter verlassen die Fabrik) e "Imagens da prisão" (Gefängnisbilder). Os filmes serão apresentados pelas professoras do Instituto de Cultura e Arte (ICA) da UFC, Walmeri Ribeiro, e da Casa de Cultura Alemã, Ute Hermanns. Em ambos, Farocki faz uma montagem com cenas de diversos filmes para, a partir daí, lançar reflexões sobre as imagens. "Operários ao sair da fábrica" reúne cenas de trabalhadores fabris para discutir a iconografia e a economia da sociedade de trabalho e mesmo o próprio cinema. "Imagens da Prisão" vai além e mescla as imagens de arquivo cinematográfico com as de câmaras de observação de presídios e vídeos para formação de funcionários de penitenciárias.
Marcelo Ikeda é o convidado de amanhã para o debate sobre os filmes "Fogo que não se apaga" (Nicht löschbares Feuer) e "Como se vê" (Wie man sieht). Esse último levanta a discussão sobre o uso e a evolução da técnica ao longo da história. "É como se o homem fosse sendo substituído gradativamente pela máquina, com a automatização. É uma forma muito curiosa porque mistura entrevistas, imagens de arquivo, gravações do próprio Farocki", detalha.
Ikeda aponta ainda o fato de o próprio audiovisual ser inserido dentro do processo, como "uma espécie de meta linguagem que pensa o papel critico do próprio cinema". Na sexta, serão exibidos os filmes "Imagens do mundo e Epitáfios da Guerra" (Bilder der Welt und Inschrift des Krieges) e "Reconhecer e perseguir" (Erkennen und verfolgen), com mediação de Yuri Firmeza, artista plástico e professor do ICA/UFC. O filme mais conhecido do cineasta, "Videograma de uma revolução" (Videogramme einer Revolution), será exibido no sábado, a partir das 16 horas, com mediação de Osmar Gonçalves dos Reis Filho, também professor do ICA/UFC. Rodado em 1989, ele aborda a revolução comunista na Romênia, tendo como ponto de partida a tomada dos estúdios da principal emissora do país por revolucionários, que passam a transmitir imagens sob o seu ponto de vista.
Harun Farocki cursou a Academia Alemã de Cinema e Televisão, em Berlim, de onde foi expulso, em 1968, por razões políticas. Entre 1974 e 1984, trabalhou como crítico e editor da revista Filmkritik, (Crítica de Cinema), em Munique. Entre suas produções para o cinema estão filmes infantis, documentários, ensaios e ficções. A partir da década de 1990, ele passou apresentar seus filmes-ensaios em forma de instalações, ocupando, especialmente na última década, salas de importantes galerias de diversos países.
MAIS INFORMAÇÕES
Mostra Harun Farocki, de hoje a sexta, das 18h30 às 22h, e, sábado, de 16h às 17h30, no auditório do CCBNB (Rua Floriano Peixoto, 941, Centro).
Contato: (85) 3464.3108
fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1073426
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