Com o legado da Vera Cruz já reconhecido no Brasil, a Prefeitura de São Bernardo mais uma vez estuda modelo de negócio para transformar a cidade em polo cinematográfico. "A história do cinema passa por aqui e o futuro também porque estamos jogando o embrião de nova maneira de fazer cinema no País", diz o agente cultural Sérgio de Oliveira.
Em 2009, a Prefeitura já havia anunciado a revitalização da Vera Cruz para 2010. "Junto ao Ministério da Cultura, temos convênio que ainda está em vigor, que é o Pac Cidades Históricas, do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional)", diz o secretário de cultura Osvaldo de Oliveira Neto E justifica: "O restauro não se iniciou devido a urgências e emergências que o Iphan teve de responder junto à sociedade. Dessa forma não conseguimos orçamento para repasse para a nossa cidade."
O atual projeto deve contemplar formação, produção, fomento e difusão por meio de mostras e festivais. "Estamos finalizando o modelo de negócio para a Vera Cruz. É uma cadeia de audiovisual completa que movimentará a cidade", garante o secretário. Junto ao teatro, pretende-se criar o Memorial da Vera Cruz, que fará a exposição do acervo.
Do jeito que os estúdios estão hoje, já existe demanda para utilizá-los. Com a revitalização, o Executivo espera que o número cresça exponencialmente. "Os estúdios serão amplos e multimídia. Você poderá gravar televisão, cinema ou qualquer outro programa de audiovisual. Com essas características, não existe outro na América Latina", diz Oliveira.
Essa avaliação positiva também considera as transformações de mercado. "No ano passado foi aprovada a Lei do Audiovisual, que abre mercado. Um dos itens exige que os canais exibam 30% de programação nacional, da qual grande parte deve ser produção independente", afirma Oliveira.
Para gerir o projeto de revitalização da Vera Cruz, a Fundação Pierino Massenzi, autarquia da prefeitura, deve ser criada. "Esse projeto arquitetônico depende de uma série de adequações. O patrimônio exige que não mexamos nas paredes, nem no telhado. Os imensos espaços dos estúdios serão repartidos conforme a necessidade técnica", afirma Oliveira.
A intenção do Executivo é preparar o ambiente necessário para que parcerias de iniciativa privada aproveitem esse complexo para a produção. "Nós não vamos produzir filmes, mas ceder o espaço para que filmes sejam feitos", frisa o secretário de cultura. O valor estimado de investimento, as possibilidades de parceria e a previsão para o início da revitalização não foram divulgados pela Prefeitura.
CENTRO DE FORMAÇÃO - Com investimento do MinC em R$ 5 milhões e da Prefeitura em R$ 1 milhão e 250 mil, o Centro de Formação Audiovisual deve ser inaugurado no Cenforpe (Centro de Formação de Professores) até que se faça a revitalização da Vera Cruz. "Faremos a adequação do espaço para receber a escola. Esse material será depois transportado para a Vera Cruz. A intenção é que no segundo semestre abram as inscrições e já comecem as aulas", diz o secretário.
Segundo o Executivo, o Centro de Formação Audiovisual, que terá coordenação pedagógica de Sergio Martinelli, será o único do País a formar mão de obra para a área de animação e novas mídias. "Com o que existe hoje nas escolas, você forma o diretor que pode ter uma ideia na mão e conseguir patrocínio, mas e quem vai fazer?", questiona o secretário. "É uma escola de tecnologia voltada para a arte ou escola de arte que usa tecnologia", define Oliveira.
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