O prefeito de Paulínia, José Pavan Júnior, anunciou hoje que o Festival de Paulínia de 2012 foi cancelado. De acordo com o prefeito, a prefeitura precisa priorizar o dinheiro para ações sociais, como a construção de escolas, casas e outras coisas importantes para uma cidade. Afinal, estamos em ano de eleições.
Paulínia se transformou em um pólo cinematográfico a partir do momento em que a prefeitura da cidade passou a investir em cultura. Criou casas de teatro, estúdios, uma escola de cinema. O Festival era a grande vitrine e consagração deste investimento sem precedentes.
De acordo com o prefeito, a ideia do investimento era que o dinheiro público fosse sendo substituído pelo patrocínio de empresas privadas, mas isso não aconteceu.
Luiz Zanin Oricchio, presidente da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), lamentou o cancelamento e criticou o fato de o investimento social ocorrer em ano eleitoral.
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É uma pena que cancelem um evento tão importante para o cinema e a cultura brasileira. No entanto, é muito fácil criticar a prefeitura e não olhar ao próprio umbigo.
Muitos reclamam que falta investimento em cultura no Brasil. Oras, em um país onde faltam escolas e hospitais, professores e médicos, de que adianta investir em festivais culturais?
Talvez a prefeitura de Paulínia poderia ter planejado os gastos para antes, mas para criticar isso, também é necessário criticar o povo brasileiro como um todo que, com sua memória fraca, não valoriza investimentos ao longo de quatro anos (ou mais) e lembra-se somente de votar nos grupos políticos que fizeram melhorias mais recentes.
Quem sabe, antes de criticar políticos, não devemos criticar os empresários, donos de grandes fortunas, que não tiveram um mínimo interesse em patrocinar um evento importante como o Festival de Paulínia se tornou? Mas se não houve interesse, talvez é porque ninguém se interessa por ter a sua marca vinculada ao cinema (ou só ao cinema brasileiro?). E se não há interesse, é porque não deve haver muito público.
Se existe um culpado, a culpa não é deste ou daquele. É de todos nós. Afinal, quando foi a última vez que você assistiu a um filme brasileiro? Qual foi o último DVD de filme nacional que você comprou (não vale pirata, e não vale filme do Daniel Filho)?
Escolas, creches e postos de saúde são muito mais importantes que festivais de cinema, e devem ser construídos com dinheiro público. Cinema, por mais que mereça a atenção do Estado, deve ser, acima de tudo, um mercado no qual o consumidor final determina os rumos.
Vamos torcer para que o Festival de Paulínia volte. Mas antes disso, vamos torcer para que tenhamos educação e saúde de qualidade e empresas dispostas a investir em cultura, para que os festivais tenham cada vez mais público.
fonte de informações: Cinema em Cena
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