domingo, 11 de março de 2012

O mercado para realizadores audiovisuais para além dos sets

O realizador Alexandre Veras: 'Os editais não pensam nos desdobramentos da produção, exibição e distribuição de um filme. Isso eu acho grave. É preciso pensar em circuito de produção'
FOTO: JOÃO LUIS (17/10/2007)
O Ceará já é considerado um polo audiovisual. Mas para viver de cinema aqui, é preciso mais do que fazer filmes

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De filmes independentes a produções com espaço garantido no circuito nacional. No Ceará, a produção audiovisual merece destaque tanto pela quantidade quanto pela qualidade das produções realizadas nos últimos anos. Mas com tanta gente interessada na formação em audiovisual vem a pergunta: é possível viver de cinema no Estado?

De acordo com Alexandre Veras, professor, realizador audiovisual e diretor do Alpendre Casa de Arte, para viver de cinema é necessário fazer mais do que filmes. "Esses profissionais precisam fazer um conjunto de ações como dar aula, até porque temos déficit de professores, trabalhar na elaboração de projetos culturais, entre outras coisas. Isso intercalando com as filmagens. Mas nunca pensar que cinema é só fazer filme", diz Veras.

Sobre o mercado de cinema propriamente dito, Veras explica que existem alguns caminhos para a produção de um filme, entre eles os editais. No entanto critica a ausência do que chama de "um desenho de políticas públicas fora dos editais". "Os editais não pensam nos desdobramentos da produção, exibição e distribuição de um filme. Isso eu acho grave. É preciso pensar em circuito de produção", argumenta Veras.

Chegar ao público
Como alternativa de exibição dos filmes produzido no Ceará, Alexandre Veras cita as TVs públicas, no caso a TVC, tendo em vista que o Governo do Estado é um dos que fomentam a produção de filmes por meio dos editais.

Veras cita como exemplo de gargalo na distribuição o caso de uma distribuidora que estava trabalhando com três filmes locais, mas que não conseguiu espaço nas salas de cinema de Fortaleza. "Os filmes passaram em cinco capitais e não conseguiram salas aqui. As salas comerciais são muito fechadas, monopolizadas. O circuito independente ainda tem que avançar nas salas de exibição dos filmes. Às vezes o que é produzido fica travado por conta da ausência de espaços. Em Fortaleza temos talvez a Casa Amarela Eusélio Oliveira (da Universidade Federal do Ceará), mas que não tem um uso regular como sala de cinema", diz Veras complementando que é muito difícil quantificar o público que vê o que é produzido no Ceará justamente por não existir uma memória ou controle dessas exibições. Como alternativa, o professor fala do fortalecimento dos Cineclubes em espaços públicos.

Visibilidade e retorno
Sobre a produção e exibição do cinema cearense, o cineasta Petrus Cariry afirma que temos muito o que avançar. "Para se fazer cinema no Ceará, antes de tudo você tem que ter muita vontade e desejo, porque as adversidades são imensas. É preciso que o Governo do Estado do Ceará e a Prefeitura Municipal de Fortaleza invistam mais verbas na produção de longas e curtas metragens. Mesmo com algumas adversidades, conseguimos dar visibilidade ao cinema cearense dentro do panorama nacional", diz. O cineasta destaca ainda que o cinema feito no Ceará começa a aparecer com mais força nos festivais de cinemas e no mercado de exibição, gerando o interesse de muitos jovens para uma formação em cinema. "O cinema é uma das artes que despertam mais magia e encanto, os jovens se sentem atraídos naturalmente pelo audiovisual", pontua.

fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1113452

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