quarta-feira, 7 de março de 2012

Conferência: antropólogo Richard Parker fala sobre cinema e gênero

Mostra Curta Gênero põe em discussão questões ligadas às diversidades


Em determinado momento de "Direito de amar" (A Single Man, EUA, 2009), Colin Firth, na pele do amargurado professor de literatura George Falcone afirma: "Somos invisíveis". Situado em meados da década de 1960, a película aborda a solidão e a problemática da exclusão homossexual, em uma América extremamente conservadora. Assim como as sociedades se transformaram ao longo de 50 anos, o cinema também mudou.


Clique para Ampliar
O antropólogo norte-americano Richard Parker: 'As relações de gênero (...) são questões que movem o mundo. O cinema está inserido nisso'
O filme dirigido por Tom Ford faz parte de uma leva de filmes que dá visibilidade a temáticas homossexuais produzidos no início do século XXI, que inclui ainda "O Segredo de Brokeback Mountain" (2008), de Ang Lee, e "Milk - A Voz da Igualdade" (2008), de Gus Van Sant, entre outros. "O cinema reflete as mudanças na sociedade, mas por outro lado também levanta debates sobre as questões de gênero", afirma o antropólogo estadunidense Richard Parker.

Parker estará em Fortaleza para a abertura, hoje à noite, da mostra audiovisual Curta O Gênero. Sua conferência, no teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, irá abordar o papel do cinema na construção cultural da sexualidade e do gênero na transição para o século XXI. "As relações de gênero, assim como as relações étnicas, econômicas, de classes sociais e de poder, são questões que movem o mundo. O cinema está inserido nisso", diz.

Cinema

Lentamente o circuito de prêmios e festivais vai reconhecendo essa produção. "Milk" deu a Sean Penn o segundo Oscar de melhor ator em sua carreira, pelo papel do político e ativista gay Harvey Milk. Já Ang Lee teve que amargar a derrota seu "O Segredo de Brokback Mountain" para "Crash", de Paul Haggis, apesar do sucesso de bilheteria e de ter levado todos os outros principais prêmios naquele ano, como o Globo de Ouro, o Bafta e o Festival de Veneza.

Se a indústria convencional ainda tem um pé atrás com filmes do gênero, há uma produção crescente também no circuito alternativo. "Os avanços tecnológicos e a globalização democratizaram a capacidade técnica que somente Hollywood dominava. Hoje, temos diretores independentes, ONGs, ou seja, um leque mais amplo de pessoas, produzindo filmes", explica Parker. Essa produção se destaca pelo ativismo, principalmente em curtas e documentários.

fonte:

Além da conferência, Richard Parker participou da curadoria da mostra audiovisual do "Curta O Gênero", que apresentará 28 filmes produzidos em todo o Brasil. O antropólogo está bastante familiarizado com as questões de gênero no País - e do Ceará em especial. Ele veio ao Brasil pela primeira vez em 1983, para uma pesquisa sobre a construção de gênero e sexualidade no Carnaval. Acabou voltando para aprofundar seus estudos sobre o HIV. Por causa desse trabalho, acabou pesquisando a organização de comunidades gays em Fortaleza, nos anos 1990. Hoje, Parker se divide entre o Rio de Janeiro e Nova York. Além de professor na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e da Columbia University, o pesquisador é diretor presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar da Aids (Abia), presidida por 11 anos pelo sociólogo Betinho, morto em 1997.

Mais informações:
Curta O Gênero 2012. Conferência de abertura "Gênero, Cultura e Mudança", com Richard Parker. Hoje, às 18:30, no teatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Inscrições gratuitas pelo site www.curtaogenero.org.br Contato:             (85) 3495 1887      

Nenhum comentário:

Postar um comentário