Se o resultado da utilização de tecnologias audiovisuais e a incorporação de elementos das artes plásticas, música, dança, cinema, vídeo e performance no palco é o que vem sendo chamado de teatro pós-dramático, Nando Lima sintetiza este conceito em “Incidental”, que estreia hoje, a partir das 21h, no Estúdio Reator.
Há um ano que Nando Lima vem trabalhando neste espetáculo, ao aprofundar-se em um universo que ele já vem pesquisando desde os anos 80. Em ‘Incidental’, Nando sai da superfície do teatro tradicional em busca de uma interação cada vez maior entre público, cena e espaço, através da performance, trilhas, ruídos, sons diversos e muita visualidade.
Vindo dos hibridismos experimentados no teatro desde o final dos anos 70, o pós-dramático faz um retorno às ideias de encontros e festividade daquele momento, mas agora se soma às novas tecnologias e pensando desta forma, entenderemos e assim se afirma o mote de “Incidental”.
“O mote é paixão. Eu descobri isso. Não estava exatamente querendo trabalhar com este tema, mas quando fui ver os vídeos, percebi. Não falo da paixão romântica, mas de intensidades - e neste sentido se tem a paixão pelo trabalho, pelas pessoas que estão por perto. Eu, particularmente me sinto muito feliz de estar fazendo este trabalho. A paixão é incidental”, diz Nando.
“Incidental” conta com a colaboração de Danilo Bracchi (coreógrafo e bailarino); Jeferson Cecim, bonequeiro e ator, que logo estará de volta ao espaço com seu espetáculo Red Bag (nas próximas sextas-feiras de março); Leo Bitar, sonoplasta e ator, que vem pesquisando e fazendo a trilha de vários trabalhos neste coletivo de artistas; e do fotógrafo e pesquisador Alexandre Sequeira, que fez um ensaio fotográfico do processo de Nando.
“O Danilo, por exemplo, filmou e gravou vários áudios e vídeos durante os bate papos que realizamos nos ensaios feitos a amigos, a fim de buscar opiniões e olhares diversos. Há filmagens que aproveitei para inserir como se fosse uma cena dentro da outra. Então criei uma janela através da qual, de repente, é projetada uma imagem do ensaio que ele filmou”, explica.
“As coisas foram surgindo”, diz Nando, que antes estava fazendo a apresentação como em uma caixa preta tradicional do teatro, com cadeiras na plateia. Mas tudo mudou. “Também fui percebendo isso ao longo dos meses, o que fica mais claro agora. Precisava ser uma instalação”. Resultado: não espere cadeiras, haverá outro tipo de conforto e surpresas.
EXPERIMENTAÇÃO
Na dinâmica do espetáculo, um personagem realiza sua performance entre o público e depois some para dar espaço aos vários outros que o sucedem. “É isso que une toda a performance. É a paixão, a relação com o espaço, a experiência que eu venho tendo desde que resolvi fazer o Reator e relacioná-lo à tecnologia”, diz o ator.
A trilha passa por Amy Winehouse, Gal Costa, Fabio Cavalcante, Lou Reed. No desenho sonoro, ruídos e até um poema (incidental) de Max Martins, “A Cabana”. Tudo isso aliado a muitos vídeos, quase todos feitos com câmeras de celular.
ASSISTA
“Incidental”. Estreia hoje, às 21h, no Estúdio Reator (30 lugares) – Trav. 14 de Abril, 1053, entre Av. Magalhães Barata e Gov. José Malcher. Temporada todos os sábados do mês de março, sempre às 21h. Ingresso R$ 20,00. Informações: 8112-8497. (Diário do Pará)
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