Quem vê o ator Vinicius de Oliveira com tanta desenvoltura, feliz da vida entre câmeras, claquetes e rolos de filme, nem imagina que aos 11 anos ele sequer havia entrado numa sala de cinema. Morando no Rio de Janeiro, nunca havia passado pela cabeça do garoto, hoje com 26 anos, fazer parte do universo da sétima arte. “O bichinho do cinema me pegou, minha paixão é essa. O set de filmagem é muito mágico: as pessoas têm muito mais calma para trabalhar, você consegue se entregar de maneira mais bonita. Ele tem a capacidade de pegar o lado mais sensível do ator. É diferente da TV, apesar de não estar falando mal dela. No cinema você pode fazer tudo; a arte é mais possível”, defende o artista, que estreou em 1998, ao lado de Fernanda Montenegro, no clássico Central do Brasil, dirigido por Walter Salles.
Vinicius cursa o 4º ano de cinema na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, e atualmente está em cartaz em Assalto ao Banco Central, primeiro longa do diretor Marcos Paulo. Ele interpreta Devanildo, um rapaz ingênuo que acaba se envolvendo no crime sem saber. Seu trabalho é um dos destaques do longa.
“Fiquei muito feliz com o convite, inicialmente faria um dos bandidos. O Devanildo tem esse lado da ingenuidade, é até meio burrinho. Há o aspecto da sensibilidade, ele é uma figura diferente, engraçada pelos trejeitos. Tem um lado meio afeminado também, sem contar a fé. Estou muito satisfeito com a repercussão desse trabalho”, comemora.
Em 1997, a vida artística surgiu por acaso na vida do engraxate no aeroporto Santos Dumont, no Rio. O garoto se aproximou do diretor Walter Salles pedindo dinheiro para comprar sanduíche. “Como ele estava usando tênis, não me ofereci para engraxar. Como tinha fome e ele estava na fila da lanchonete, o Walter me deu dinheiro”, lembra. O cineasta procurava o intérprete de Josué, o menino que contracenaria com Fernanda Montenegro. “Ele perguntou se queria fazer um teste. Achei uma festa. Acabei sendo o escolhido e nem acreditei. Nunca tinha pisado numa sala de cinema e nem tinha noção da responsabilidade de contracenar com a Fernanda Montenegro. Não sabia quem era ela, apesar de ver muita novela. Tomei gosto pela coisa”, salienta.
Fama No entanto, a fama precoce do garoto pobre saído da periferia carioca para ganhar o mundo não deslumbrou Vinicius. Logo depois de Central, veio o convite para participar da novela das 8 da Rede Globo, Suave veneno. “Sempre tive os pés no chão. Jamais achei que fosse deslanchar, ficar megafamoso. Tinha consciência dessa questão da fama, que nunca me encantou muito. Não é que a desdenhe, mas nunca me fez falta. Prefiro ficar mais na minha. Não lamento não ter feito milhares de novelas. Optei por focar nos meus estudos, pois tinha que me garantir”, frisa.
Quem banca os estudos de Vinicius é a produtora de Central do Brasil, a Videofilmes. “Eles custearam o colégio e agora a universidade. Comecei fazendo cinema lá no Rio, mas achei melhor me transferir para São Paulo, porque o mercado de trabalho é mais amplo. Se não continuar na carreira de ator, quero pelo menos ser cineasta”, revela Vinicius. Na capital paulista, ele divide o aluguel do apartamento com dois amigos.
O jovem ator é grato ao diretor Walter Salles, um exemplo para ele – na vida e na trajetória artística. Atuou em dois filmes do cineasta: Abril despedaçado (2001) e Linha de passe (2008). Nesse último, realizou um grande sonho: jogar futebol. “Quando era moleque, cheguei a fazer parte de um time lá na Ilha do Governador, onde vivia. Na época, pensava em seguir carreira no futebol. Com o Dario, meu personagem no Linha de passe, isso acabou se realizando. Devo muito ao Walter Salles. Ele despertou a minha paixão pelo cinema. Grande amigo, é uma pessoa que me apoia muito e me dá conselho”, elogia.
Fã da internet – apresenta um programa na rede, o Fominhas, sobre futebol –, Vinicius está desenvolvendo outro projeto virtual, que deve chegar em breve à TV por assinatura. “Fominhas tinha parado, mas vamos voltar. Sobre o outro, para a internet e a TV a cabo, não posso adiantar muito. Além disso, vou dirigir um curta, que estou começando a desenvolver”, resume.
Carreira CinemaCentral do Brasil (1998); Abril despedaçado (2001); Linha de passe (2008); Se nada mais der certo (2008); Assalto ao Banco Central (2011); Fala sério! (2011)
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