Márcia Mansur/ Divulgação
O brega recifense já provou ter força suficiente para merecer um documentário. Explosão brega, de Hanna Godoy, cumpre essa missão ao dar tratamento cinematográfico à cena, aqui representada por Kelvis Duran, Michelle Melo, Banda Kitara, Musa do Calypso, Mc Leozinho, Mc Cego e Metal, Mc Sheldon, Remixsom. Produzido com recursos do 1º edital do audiovisual, o filme será exibido pela primeira vez nesta segunda, às 19h, em pré-estreia no Cinema São Luiz, com presença dos artistas.
Ao contrário de outros lançamentos organizados às segundas-feiras no São Luiz, Explosão brega não terá entrada franca, mas ingressos a R$ 4 e R$ 2 (meia). O motivo é que, coerente com o tema, a produção tem como proposta desenvolver um modelo mais ligado com o público que com os editais. Se depender do apelo do filme, dos artistas e do volume do sistema de som, a sessão deve funcionar.
“Esse não é um filme de festivais. Ele compõe o desejo de produzir filmes com forte apelo de público, qualidade técnica de produção e que rendam bilheteria para que sejam autossustentáveis”, explica Hanna, que, para a divulgação, conta com a colaboração dos artisas em suas redes sociais, fã clubes e rádios comunitárias. “A escolha do São Luiz faz parte do desejo de percorrer o circuito de salas de cinema do estado”.
O longa de Hanna tem qualidades culturais e estéticas para agradar tanto aos amantes do brega quanto do cinema. O primeiro, irá se surpreender ao ver na tela grande os artistas em condições diferentes das estabelecidas pelos programas de TV. “Quando se pensa em brega a imagem que vem logo à cabeça é de algo tosco, sem requinte, exagerado e muitas vezes de mau gosto”, diz Hanna. “Ao entrar em contato com o movimento brega pernambucano percebi que há uma um enorme vontade de fazer as coisas bem feitas, com capricho e bom gosto estético, mas, às vezes, eles esbarram em dificuldades orçamentárias. Esse universo é rico e merece cuidado. E como no filme o personagem principal é a música tivemos cuidado redobrado com o som”.
A imagem seduz e abre caminho para a música, que ao vivo ou em estúdio, é utilizada para compor videoclipes. Um deles, de Kelvis Duran, faz uma paródia de Michael Jackson (Thriller) digna de Bollywood. Questões de mercado não ficam de fora. Em dado momento, o compositor de um dos grupos conta que muitos dos sucessos que geram lucro às bandas de forró eletrônico são originalmente compostas no bojo do movimento brega. Depoimentos e cenas de intimidade familiar completam a experiência.
As performances são fotografadas com apuro de luz e sombra, obra do fotógrafo gaúcho Juarez Pavelak, que já havia trabalhado em Pernambuco no curta Rapsódia para um homem comum, de Camilo Cavalcante. A edição, outro mérito do filme, é do carioca Rafael Mazza, montador de Onde a coruja dorme, de Márcia Berraik. A pesquisa é da antropóloga Márcia Mansur. Outro ponto interessante é que o filme evita especialistas ou pretensas autoridades para teorizar sobre o brega. No lugar, há o olhar 100% focado nos artistas e seu universo. Relação mais direta com o público, impossível. Dá até pra cantar junto.
O plano de Hanna é formar a Embaixada Brega, trilogia que vai se desdobrar sobre os bregas antigos e o tecnobrega. O segundo filme, Reis do brega, está em pré-produção e será anunciado nesta segunda à noite, com presença do Conde do Brega, Paulo Marcio, Augusto César, Banda Labaredas e Paixão Brasileira.
Por André Dib, do Diario de Pernambuco
fonte:
Nenhum comentário:
Postar um comentário