Cais do Sertão, no Recife, promete inovar utilizando recursos tecnológicos.
Local terá obras de Paulo Caldas e Camilo Cavalcante, entre outros.
Bastidores da gravação de 'Lua', de Paulo Caldas, que será exibido no Cais do Sertão (Foto: Fred Jordão/ Divulgação)
Em construção no Bairro do Recife, o Cais do Sertão vai abrigar o acervo e reverenciar a obra de Luiz Gonzaga e deve chamar a atenção dos visitantes pelos recursos expositivos e tecnológicos inovadores. As estruturas do museu, instalado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife, vão exibir documentos e trabalhos inéditos de artes plásticas, cinema, música, literatura e novas mídias. Os cineastas pernambucanos Lírio Ferreira, Paulo Caldas, Marcelo Gomes, Kleber Mendonça Filho e Camilo Cavalcanti, além do xilogravurista e cordelista J. Borges, são alguns dos artistas que emprestaram o olhar para falar do Sertão nordestino e narrar a trajetória do Rei do Baião. A previsão é que o espaço seja aberto de forma experimental em fevereiro de 2014, entrando em pleno funcionamento até a Copa do Mundo.
Conhecido por dirigir o premiado longa "Baile Perfumado", Paulo Caldas montou o curta-metragem "Lua", que fará parte da instalação permanente do Cais do Sertão. A película foi gravada em outubro passado, no Parque Nacional da Serra do Catimbau e em Serrita, entre o Agreste e Sertão de Pernambuco. "É uma viagem à memória do Sertão através do olhar e da música de Luiz Gonzaga, um grande painel vivo, em movimento, poético e sonoro. Não tem nada do que tradicionalmente se chama biográfico, mas acaba sendo muito mais biográfico também", explicou o cineasta.
O filme será exibido na Caixa do museu, que, segundo Caldas, é "um espaço fechado, para pessoas sentarem, com tela muito grande, som muito bom, imagem de qualidade boa, como cinema". "A nossa expectativa é que a pessoa entre na sala e se sinta dentro do Sertão por meio dos olhos, ouvidos e memória 'gonzaguena'. Acho que [o espaço] vai atrair muitas pessoas, e é fundamental que se tenha esse cuidado, essa reflexão sobre essa parte do Brasil tão importante", disse.
Gravação de 'Memórias', produzido pelo cineasta
Camilo Cavalcante (Foto: Beto Martins/ Divulgação)
Vida de viajante
O produtor e cineasta Camilo Cavalcante assina o vídeo "Memórias", que também fará parte da instalação permanente do Cais do Sertão. Serão dez painéis de LED, com 42 polegadas, nos quais serão exibidos depoimentos de 48 migrantes brasileiros. Gente que fala sobre a experiência de ir morar em Porto Velho (RO), Brasília e cidades-satélites de Goiás e várias regiões de São Paulo, por exemplo. Há entrevistas também com pessoas do Sertão Central e do Araripe pernambucanos que explicam por que voltaram para a cidade natal após essa aventura Brasil afora. "A instalação reflete essas movimentações da vida, sair da estagnação para algo melhor, o sonho de dar certo", contou.
As entrevistas foram feitas ao longo deste ano, em um projeto exclusivo para o Cais do Sertão. Há falas de famosos, como o ex-presidente Lula, o cineasta Vladimir Carvalho e o escritor Marcelino Freire, além de anônimos. "É um painel humano, denso e poético; uma grande imersão nessa questão migratória, que é tema cantado na obra de Luiz Gonzaga", comentou. A instalação é interativa, pois o visitante vai tocar no rosto do relato que tem interesse em ouvir. Cada monitor terá dois fones de ouvido.
Já o cineasta Kleber Mendonça Filho, que se destacou esse ano pela direção do premiado filme "O som ao redor", desenvolveu uma instalação sobre o tema 'feira'. Ele passou alguns dias no município de Ibimirim, no Sertão de Pernambuco, captando imagens que serão exibidas em monitores de alta definição. Uma experiência que ele considerou "incrível".
A música "Légua tirana", de Luiz Gonzaga, inspirou o trabalho do cineasta. "Acho essa música linda, sensível, triste, um lamento. Foi o meu ponto de partida. Eu geralmente não faço obras ou filmes de forma literal, mas que sejam o estado de espírito sobre algo, que nesse caso pode ser a música, o Sertão, Luiz Gonzaga", comentou.
Módulo 1, onde trabalhos dos cineastas serão exibidos, está em obras. (Foto: Fred Jordão/ Divulgação)
Imersão exploratória
As obras serão exibidas em espaços do módulo 1 do Cais do Sertão, que tem ao todo 2.000 metros quadrados, com acervo físico e intervenções tecnológicas. É esse módulo que deve ser aberto ainda no primeiro semestre de 2014. "Os trabalhos estão todos finalizados e aprovados pela curadoria, prontos para testes. Nada neles é tradicional. São provocações tanto do ponto de vista tecnológico quanto curatorial. Essa experimentação é o espírito do museu", comentou Gilberto Freyre Neto, coordenador-executivo do projeto.
O módulo 1 terá recepção com vitrine de objetos de Gonzaga, um espaço para experiências sensoriais e audiovisuais, um galpão onde a vida sertaneja é exposta com variados recursos e uma caixa de projeções audiovisuais sobre Gonzaga, os falares do Sertão e a história do cordel. Ainda haverá uma ala onde o visitante poderá pesquisar a obra completa do Rei do Baião e ainda colocar a mão na massa, criando seus próprios sons.
O módulo 2 corresponde ao centro cultural com auditório, salas para oficinas, restaurante, café e espaços de ambientação e convivência. Esse módulo só deve ser inaugurado no fim do próximo ano.
Camilo Cavalcante (Foto: Beto Martins/ Divulgação)
Vida de viajante
O produtor e cineasta Camilo Cavalcante assina o vídeo "Memórias", que também fará parte da instalação permanente do Cais do Sertão. Serão dez painéis de LED, com 42 polegadas, nos quais serão exibidos depoimentos de 48 migrantes brasileiros. Gente que fala sobre a experiência de ir morar em Porto Velho (RO), Brasília e cidades-satélites de Goiás e várias regiões de São Paulo, por exemplo. Há entrevistas também com pessoas do Sertão Central e do Araripe pernambucanos que explicam por que voltaram para a cidade natal após essa aventura Brasil afora. "A instalação reflete essas movimentações da vida, sair da estagnação para algo melhor, o sonho de dar certo", contou.
As entrevistas foram feitas ao longo deste ano, em um projeto exclusivo para o Cais do Sertão. Há falas de famosos, como o ex-presidente Lula, o cineasta Vladimir Carvalho e o escritor Marcelino Freire, além de anônimos. "É um painel humano, denso e poético; uma grande imersão nessa questão migratória, que é tema cantado na obra de Luiz Gonzaga", comentou. A instalação é interativa, pois o visitante vai tocar no rosto do relato que tem interesse em ouvir. Cada monitor terá dois fones de ouvido.
Já o cineasta Kleber Mendonça Filho, que se destacou esse ano pela direção do premiado filme "O som ao redor", desenvolveu uma instalação sobre o tema 'feira'. Ele passou alguns dias no município de Ibimirim, no Sertão de Pernambuco, captando imagens que serão exibidas em monitores de alta definição. Uma experiência que ele considerou "incrível".
A música "Légua tirana", de Luiz Gonzaga, inspirou o trabalho do cineasta. "Acho essa música linda, sensível, triste, um lamento. Foi o meu ponto de partida. Eu geralmente não faço obras ou filmes de forma literal, mas que sejam o estado de espírito sobre algo, que nesse caso pode ser a música, o Sertão, Luiz Gonzaga", comentou.
Módulo 1, onde trabalhos dos cineastas serão exibidos, está em obras. (Foto: Fred Jordão/ Divulgação)
Imersão exploratória
As obras serão exibidas em espaços do módulo 1 do Cais do Sertão, que tem ao todo 2.000 metros quadrados, com acervo físico e intervenções tecnológicas. É esse módulo que deve ser aberto ainda no primeiro semestre de 2014. "Os trabalhos estão todos finalizados e aprovados pela curadoria, prontos para testes. Nada neles é tradicional. São provocações tanto do ponto de vista tecnológico quanto curatorial. Essa experimentação é o espírito do museu", comentou Gilberto Freyre Neto, coordenador-executivo do projeto.
O módulo 1 terá recepção com vitrine de objetos de Gonzaga, um espaço para experiências sensoriais e audiovisuais, um galpão onde a vida sertaneja é exposta com variados recursos e uma caixa de projeções audiovisuais sobre Gonzaga, os falares do Sertão e a história do cordel. Ainda haverá uma ala onde o visitante poderá pesquisar a obra completa do Rei do Baião e ainda colocar a mão na massa, criando seus próprios sons.
O módulo 2 corresponde ao centro cultural com auditório, salas para oficinas, restaurante, café e espaços de ambientação e convivência. Esse módulo só deve ser inaugurado no fim do próximo ano.
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