Marat Descartes em "Quando Eu Era Vivo"
A temática central desta edição coloca em evidência os “Processos Audiovisuais de Criação”. A ideia surgiu da percepção de que essa produção inventiva apresentada anualmente nas telas de Tiradentes tem se mostrado cada vez mais moderna e original não apenas na maneira de se apresentar na tela e aos olhos do espectador, mas também nos bastidores e nos sets de filmagem.
O olhar atento às maneiras cada vez mais ousadas que os cineastas brasileiros contemporâneos têm encontrado para realizarem seus trabalhos vai permear parte da programação da mostra, incluindo debates, discussões e encontros com a crítica, realizadores e público.
Processos alternativos de realização audiovisual sempre estiveram presentes ao longo da história do cinema, surgindo como método antimetodológico de filmes e de diretores contrários ao sistema industrial de produção, sobretudo nos anos 1960. Com a ascensão da tecnologia digital nos últimos anos, os realizadores encontraram uma ferramenta propícia às transformações da técnica e dos modos, com consequências inevitáveis nos efeitos estilísticos.
Nesse sentido, os espectadores assistirão na programação da 17ª Mostra de Tiradentes a uma amostragem de um tipo de cinema que não se contenta em apenas narrar ou apresentar respostas, resultando em paradigmas renovadores da linguagem audiovisual em várias de suas vertentes.
O homenageado desta edição da mostra é o ator paulistano Marat Descartes, rosto marcante em vários filmes que se entregaram a esses novos processos audiovisuais de criação. O tributo mantém a linha recente do evento de celebrar nomes de profissionais com menos tempo de carreira, mas com escolhas autorais de trabalho e com consistência nos recursos que empregam para atingir a excelência.
É o caso de Marat, nascido em 1975. Formado em letras e artes cênicas na USP, iniciou a carreira no teatro, em 2004, e enveredou pelo cinema a partir de 2007, interpretando o marido Chico no curta-metragem “Um Ramo”, de Marco Dutra e Juliana Rojas. Já neste papel, o ator incorporou algumas das características percebidas na maioria de suas atuações posteriores, como em “Os Inquilinos” (2010), “Trabalhar Cansa” (2011), “Super Nada” (2012) e “Corpo Presente” (2013): contenção, expressividade de corpo e de olhar, forte presença cênica e personagens marcados por impotência, angústia, fracasso ou infelicidade.
O filme de abertura da 17ª Mostra Tiradentes será o mais novo exemplo da forma de Marat se apresentar em cena. “Quando Eu Era Vivo” volta a reuni-lo com a dupla que o projetou nas telas: a direção é de Marco Dutra, e a montagem é de Juliana Rojas. Na tela, o ator divide espaço com o veterano Antônio Fagundes e com a cantora Sandy.
Além do inédito “Quando Eu Era Vivo”, a 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes vai exibir outros trabalhos protagonizados por Marat Descartes: o longa “Uma Dose Violenta de Qualquer Coisa”, de Gustavo Galvão; o média “E Além de Tudo me Deixou Mudo o Violão”, de Anna Muylaert; e os curtas “145”, de Gero Camilo, “A Caminho de Casa”, de Paula Szutan e Renata Terra, e “Fala Comigo Agora!”, de Karina Ades e Joaquim Lino. A programação inclui ainda a única incursão de Marat Descartes na direção, o curta “Uma Confusão Cotidiana”, realizado em 2006.
Marat Descartes é o entrevistado da edição dez/jan da Revista de CINEMA, que será distribuída aos participantes e público da Mostra de Tiradentes. E, em breve, será publicada aqui no site.
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