Arranjos Experimentais – Arte Audiovisual Latino-Americana
de 17 a 21 de junho de 2013
Promovido pelo Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual (LAICA) e pelo Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da USP, o Seminário Internacional Arranjos Experimentais – Cultura Numérica Audiovisual tem por objetivo apresentar e discutir usos contemporâneos do audiovisual como ferramenta de criação artística, contando com a participação de teóricos e artistas brasileiros e de outros países, como Estados Unidos, Cingapura, Alemanha, Portugal, Finlândia e Reino Unido. Entre os dias 19 e 22 de junho, o evento reúne os seus convidados em palestras, mesas de debate e performances audiovisuais que acontecem no Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA-USP, no Paço das Artes e no Centro Universitário Maria Antonia. No contexto do evento, o CINUSP Paulo Emílio recebe, entre os dias 19 e 22 de junho, a mostra de vídeos ARRANJOS EXPERIMENTAIS – ARTE AUDIOVISUAL LATINO-AMERICANA, que oferece um panorama da criação audiovisual artística da América Latina e Espanha. Selecionadas pela curadora Valentina Monteiro, as obras em vídeo que compõem a mostra abordam diferentes tópicos e estratégias narrativas e estéticas, que dão conta da heterogeneidade da produção experimental no campo da imagem em movimento. Antes de cada sessão, a curadora comenta detalhes de cada programa e responde a questões da plateia.
Na atualidade, graças às novas ferramentas de produção, circulação e consumo de imagens surgidas a partir do advento de novas tecnologias digitais, as propostas provenientes tanto do cinema experimental quanto da animação e da vídeo arte documental são renovadas e enriquecidas em um fluxo contínuo de trocas e transferências. Contra todos os preconceitos regionalistas que visam reduzir a alguns tópicos a riqueza e a diversidade do audiovisual realizado na América Latina e Espanha, o fator comum na produção audiovisual artística ibero-americana é a mistura de elementos, a liberdade criativa, o híbrido de materialidades e narrativas que se combinam para abordar as diferentes preocupações de cada artista, que se referem a um conjunto abrangente de questões e interesses, alguns dos quais não estão estreitamente relacionados com seu ambiente local, seus problemas e complexidades.
Buscando oferecer uma visão organizada desse universo múltiplo, a mostra ARRANJOS EXPERIMENTAIS – ARTE AUDIOVISUAL LATINO-AMERICANA estrutura-se a partir de diferentes conceitos que nos permitem rotular provisoriamente uma produção audiovisual que brinca o tempo todo de tornar porosas as fronteiras disciplinares, os gêneros, as etiquetas e as classificações rígidas. A título de organização, portanto, a mostra se divide em cinco programas de vídeos de curta-metragem, cada programa com um recorte específico.
O programa Tela Canibal, por exemplo, consiste em uma seleção de peças audiovisuais cuja característica em comum é a apropriação de imagens e sons alheios:found footage, citação, ou roubo. A partir da reinterpretação e da inspiração em outras obras, já digeridas pelo nosso ponto de vista cultural, as obras reunidas nesse programa visam construir novas propostas narrativas e poéticas. Cada peça escolhida apropria-se de fragmentos de filmes, pinturas, ou uma ação de arte completa, atenuando suas procedências ou atualizando seus significados a partir da paródia, do tributo ou do jogo. O roubo das imagens e sons é também sua libertação. Os artistas carregam as imagens com símbolos vindos de sua biografia e contexto de vida, “cozinhando” com elas uma nova iguaria – às vezes doce, outras ácida, às vezes desagradável – que será entregue para a degustação dos espectadores.
Já o programa Memória e Política reúne obras que abordam criticamente o passado histórico dos povos retratados. Acontecimentos de sua história recente, que são omitidos, esquecidos ou censurados pelos poderes políticos, conseguem ser abordados de maneira poética ou como denúncia por meio de uma série de obras que, às vezes com humor, outras vezes a partir de uma perspectiva ativista, se propõem a trabalhar questões sociais.
No programa Cidade: Derivas e Relatos, a mostra reúne obras que trabalham diferentes abordagens das metrópoles. Diversas capitais do mundo são dissecadas, abertas sobre a “lente-bisturi” dos artistas: Nova York, Paris, Taipei, Santiago, Barcelona, Caracas, Buenos Aires. Os artistas procuram evidenciar as cidades a partir de sua construção, crescimento e expansão, que em algum momento deixou de obedecer a um projeto racional de estruturação. São obras em que os centros urbanos se revelam como habitat, mas também como espectro, como um postal que o turista, como sujeito social inconstante, consome antes de ali pisar.
O programa Identidades em Trânsito, por sua vez, propõe uma reflexão em torno das identidades dos cidadãos. A partir de uma perspectiva antropológica, a identidade do eu, assim como a do coletivo, já não pode ser entendida como uma construção rígida. A identidade é nômade, sofre mudanças, passa por momentos de equilíbrio e estabilidade, delineia seus perfis para, em seguida, liquefazer-se e transformar-se em outras construções, sempre complexas e movediças. Nessa seção, a mostra apresenta obras que tratam tanto da identidade do “eu” individual, visto como o “eu” do artista, refletido em personagens fictícios, quanto da identidade do “eu” coletivo, que revisa identidades geopolíticas e geoestéticas latino-americanas.
Por fim, o programa Jogos de Linguagem apresenta obras que mostram as diversas maneiras como os artistas trabalham o audiovisual a partir de suas especificidades, abordando a hibridez de sua materialidade e suas possibilidades metalinguísticas.
Maiores informações sobre as demais atividades do Seminário Internacional Arranjos Experimentais – Cultura Numérica Audiovisual podem ser encontradas no site:www2.eca.usp.br/laica/seminarios/arranjos-experimentais-cultura-numerica-audiovisual-2.
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