O III Festival de Jericoacoara – Cinema Digital, que continua até quinta-feira, 21/6, vem promovendo intenso diálogo entre moradores e visitantes, tendo por mediação o audiovisual.
As exibições de filmes que acontecem todas as noites, a partir das 19h, vêm atraindo o público à arena montada ao ar livre, com a tela compartilhando os olhares com o céu estrelado de Jeri. O pequeno distrito de Jijoca, internacionalmente conhecido pela beleza de suas praias, ganha por uma semana um cinema a céu aberto, com acesso gratuito e forte participação popular.
Isso porque a comunidade também se vê na tela, retratada em filmes produzidos durante as duas edições anteriores do festival – 2010 e 2011 – em produções integrantes da Mostra Competitiva, como um filme que denuncia o impacto da especulação imobiliária em Jericoacoara – e em novas realizações, produzidas na Oficina de Cinema Digital, uma das atividades integrantes do evento. A oficina vem acontecendo no Centro Comunitário de Jericoacoara, onde crianças e jovens vêm mergulhando na produção audiovisual, sob a orientação de integrantes da equipe do festival e de outros convidados.
Todos as noites, as exibições de filmes, iniciadas sempre às 19h, são abertas com o “Registro Diário”, um vídeo produzido pela equipe do festival, registrando detalhes da produção do evento e da resposta do público. Em clima descontraído, a comunidade se vê na tela, estimulando o interesse pelo audiovisual e fortalecendo os laços entre o festival e a comunidade.
Foi assim, por exemplo, na noite desta segunda-feira, quando, sem tantos visitantes em Jeri, moradores compareceram em maior número à sessão de filmes, aplaudindo a terceira noite da Mostra Competitiva de Curtas-metragens e a exibição especial de “Garrincha, Alegria do Povo”, filme que integra a Mostra Especial em homenagem a Joaquim Pedro de Andrade, nos 80 anos desde o nascimento do cineasta, também diretor de “Macunaíma” e “Os Inconfidentes”, outros filmes que serão exibidos no festival.
O ex-jogador Afonsinho, personagem histórico na luta contra a ditadura militar e pela dignidade dos jogadores de futebol no Brasil, falou ao público antes da exibição, destacando a importância do filme e as saudades do anjo das pernas tortas, Mané Garrincha.
Homenagem a Zita Carvalhosa
A noite de segunda-feira foi também de destaque para a contribuição feminina à história e ao presente do cinema brasileiro. A produtora paulista Zita Carvalhosa foi homenageada pelo festival, recebendo das mãos do diretor do evento, o cineasta cearense Francis Vale, o troféu Pedra Furada, concebido pelo consagrado artista plástico cearense Zé Tarcísio.
O reconhecimento à atuação da produtora responsável pela Superfilmes, uma das mais significativas produtoras de cinema e vídeo brasileiras, ressaltou sua contribuição aos novos talentos do audiovisual. Zita Carvalhosa produziu filmes como “Anjos da noite”, de Wilson Barros; “Memórias póstumas” e “Capitalismo selvagem”, ambos de André Klotzel, e “Como fazer um filme de amor”, de José Roberto Torero. Zita é fundadora e diretora do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, iniciado com coragem e ousadia, em pleno governo Collor, época de grandes dificuldades para o audiovisual brasileiro. Atualmente, preside a Associação Cultural Kinoforum que, além do festival de curtas, promove atividades ligadas à difusão do cinema brasileiro.
Programação continua
O III Festival Jericoacoara – Cinema Digital dá continuidade à sua programação nesta terça-feira, a partir das 9h, com o debate sobre o filme “Garrincha, a alegria do povo”, do qual farão parte os ex-jogadores de futebol Afonsinho e Paquetá. À tarde, a Oficina de Cinema Digital acontece no Centro Comunitário de Jericoacoara. À noite, a partir das 19h, acontecem as exibições de filmes, com a continuação da Mostra Competitiva de Curtas-metragens e com homenagens ao ator Joel Barcelos e ao cineasta Orlando Bonfim.
Fonte: Assessoria do III Festival de Jericoacoara - Cinema Digital