Aconteceu semana passada a 9ª Mostra de Cinema de Ouro Preto, com apresentação de filmes e encontros em torno da educação, preservação, estéticas, cinema e patrimônio. Em debate, o conceito e as práticas em redes, ampliando as possibilidades de acesso e intercâmbios sobre a memória.
A ligação da mostra com a educação se dá desde a 2ª edição do evento, com a sua aproximação com Rede Kino - Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual. Em Ouro Preto, o cinema foi para os bairros e praças, além de envolver 10 escolas da região em 26 mostras-escola. Nos debates, a importância das redes que, hoje, “atravessam as paredes das escolas produzindo novas formas de produção e partilha do conhecimento”, trazendo enormes desafios para professores e alunos. Para ser mais preciso, os maiores desafiados somos nós mesmos, os professores, pois atuamos numa escola imersa em políticas públicas que não compreendem a importância das imagens em movimento na formação da juventude. Vivemos num mundo repleto de imagens e informações e não sabemos muito bem como trabalhar com tudo isso na educação. Muita vezes, os filmes e vídeos são trazidos como meros ilustradores dos processos, o que é uma enorme redução de suas potencialidades. Temos também uma deficiente formação dos professores, associado à dificuldade de se articular, por exemplo, os cursos de cinema e comunicação com as licenciaturas e a pedagogia.
Além disso, a precariedade de infraestrutura das escolas praticamente impede o uso pleno do audiovisual. As apresentações de filmes e vídeos, quando realizadas, são em televisões com um som deficitário ou em projeções em paredes sujas, com iluminação inadequada, não permitindo ao jovem a efetiva e rica experiência da imersão no mundo do cinema e do audiovisual. Com isso, matamos o cinema!
Complementarmente, a lamentável qualidade de conexão das escolas públicas impede a circulação de imagens em movimento e, o que vemos, é um uso absolutamente precário da internet nas escolas. Isso porque, associado à importante ação de formação de plateias, temos que avançar na perspectiva de ampliar a capacidade de produção da juventude, hoje facilitada com a miniaturização e barateamento das tecnologias como câmeras e celulares.
Mas ainda temos mais desafios. Temos que enfrentar o tema da implantação de uma adequada política de distribuição dos produtos realizados tanto por profissionais como pelos próprios alunos e professores e não podemos ficar dependentes de plataformas comerciais como Youtube. Elas são importantes, mas precisamos ir além.
Outro aspecto a destacar é o do direito autoral, buscando-se outras formas de licenciamento destes produtos para possibilitar a remixagem total da produção audiovisual.
Para encerrar, Glauber Rocha: “O cineasta do Terceiro Mundo não deve ter medo de ser ‘primitivo’. Será naif insistir em imitar a cultura dominadora. Também será naif se se fizer patrioteiro”.
Portanto, sejamos primitivos. E ganhemos o mundo, como fez Glauber.
A ligação da mostra com a educação se dá desde a 2ª edição do evento, com a sua aproximação com Rede Kino - Rede Latino-Americana de Educação, Cinema e Audiovisual. Em Ouro Preto, o cinema foi para os bairros e praças, além de envolver 10 escolas da região em 26 mostras-escola. Nos debates, a importância das redes que, hoje, “atravessam as paredes das escolas produzindo novas formas de produção e partilha do conhecimento”, trazendo enormes desafios para professores e alunos. Para ser mais preciso, os maiores desafiados somos nós mesmos, os professores, pois atuamos numa escola imersa em políticas públicas que não compreendem a importância das imagens em movimento na formação da juventude. Vivemos num mundo repleto de imagens e informações e não sabemos muito bem como trabalhar com tudo isso na educação. Muita vezes, os filmes e vídeos são trazidos como meros ilustradores dos processos, o que é uma enorme redução de suas potencialidades. Temos também uma deficiente formação dos professores, associado à dificuldade de se articular, por exemplo, os cursos de cinema e comunicação com as licenciaturas e a pedagogia.
Além disso, a precariedade de infraestrutura das escolas praticamente impede o uso pleno do audiovisual. As apresentações de filmes e vídeos, quando realizadas, são em televisões com um som deficitário ou em projeções em paredes sujas, com iluminação inadequada, não permitindo ao jovem a efetiva e rica experiência da imersão no mundo do cinema e do audiovisual. Com isso, matamos o cinema!
Complementarmente, a lamentável qualidade de conexão das escolas públicas impede a circulação de imagens em movimento e, o que vemos, é um uso absolutamente precário da internet nas escolas. Isso porque, associado à importante ação de formação de plateias, temos que avançar na perspectiva de ampliar a capacidade de produção da juventude, hoje facilitada com a miniaturização e barateamento das tecnologias como câmeras e celulares.
Mas ainda temos mais desafios. Temos que enfrentar o tema da implantação de uma adequada política de distribuição dos produtos realizados tanto por profissionais como pelos próprios alunos e professores e não podemos ficar dependentes de plataformas comerciais como Youtube. Elas são importantes, mas precisamos ir além.
Outro aspecto a destacar é o do direito autoral, buscando-se outras formas de licenciamento destes produtos para possibilitar a remixagem total da produção audiovisual.
Para encerrar, Glauber Rocha: “O cineasta do Terceiro Mundo não deve ter medo de ser ‘primitivo’. Será naif insistir em imitar a cultura dominadora. Também será naif se se fizer patrioteiro”.
Portanto, sejamos primitivos. E ganhemos o mundo, como fez Glauber.
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.correio24horas.com.br/detalhe/noticia/nelson-pretto-cinema-patrimonio-e-educacao/?cHash=7e894dd9c24e8cabfec48a6d83cd6dc3
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