sexta-feira, 4 de maio de 2012


O encerramento da 16ª edição do Cine PE - Festival do Audiovisual, que aconteceu em Recife entre os dias 26 de abril e 2 de maio, brindou principalmente produções cuja poesia partia de detalhes cotidianos, muitos deles abrilhantados pela presença de personagens infantis.

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Breno Silveira, diretor de À Beira do Caminho, subiu ao palco emocionado
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Hermila Guedes foi a melhor atriz por Boca
FOTO: DANIELA NADER/DIVULGAÇÃO
Entre os filmes premiados no festival, competentes produções e a forte presença de artistas mirins


O curta-metragem "Até à vista", do diretor Jorge Furtado, já conhecido no circuito de festivais, e com a participação de Dira Paes levou quatro prêmios, entre eles o mais importante da categoria: Melhor Filme - Júri Oficial. A montagem de 18 minutos narra a busca de um diretor pelo tema de seu primeiro longa-metragem. A saga acaba levando-o a uma inusitada viagem, da Argentina a Belém do Pará. Mas quem também levou para casa quatro troféus Calunga foi a paulista Thaís Fujinaga, com o delicado e poético "L".

O curta, também já bastante premiado, conta a história de Teté, uma garota de 11 anos que odeia seus pés, mas acaba aprendendo mais sobre si mesma ao observar o outro, neste caso, um intrometido chinesinho de cabelos encaracolados que faz questão de entrar em sua vida. "L" conquistou as categorias Direção, Direção de Arte, Fotografia e a pequena Sofia Ferreira, de 11 anos, levou ainda o prêmio de Melhor Atriz.

Longas

Entre os longas-metragens, a disputa manteve-se entre três filmes, "Paraísos Artificiais", de Marcos Prado (produtor de Tropa de Elite 2) um romance sobre sexo, drogas e raves, com Nathalia Dill no elenco e estreia nacional prevista para hoje; "Boca", um filme de Flavio Frederico sobre a história do criminoso Hiroito de Moraes (Daniel de Oliveira), dono de bordéis da Boca do Lixo, região do centro paulista, baseado em sua autobiografia, escrita na cadeia.

E o grande vencedor da noite: "À beira do caminho", de Breno Silveira, diretor reconhecido nacionalmente por seu longa "Os Filhos de Francisco", baseado na história dos irmãos sertanejos Zezé di Camargo e Luciano.

Em "À Beira do Caminho", narra-se, não sem a poesia popular que se faz necessária, a história de um caminhoneiro cujos trajetos são tangidos pelo cancioneiro de Roberto Carlos. O resultado é uma história delicada, que pende entre a dureza das estradas e dos fantasmas do motorista, interpretado por João Miguel, e o lirismo das canções e da relação que nasce entre o protagonista e um esperto garotinho (vivido por Vinícius Nascimento), que, na estrada, busca o pai que nunca conheceu.

Mais uma vez, o esforço e o talento dos pequenos foram reconhecidos: Vinícius levou o Calunga de Melhor Ator Coadjuvante. João Miguel lhe fez companhia, conquistando o prêmio de Melhor Ator. O longa ganhou ainda nas categorias: Roteiro, Melhor Filme - Júri Popular e Melhor Filme - Júri Oficial.

Muito emocionado, Breno Silveira ofereceu os prêmios a suas duas filhas, que o prestigiavam na plateia e em especial a sua esposa, Renata, que faleceu há um ano, acometida por um câncer, durante o processo de gravação do filme. O longa, produzido pela Conspiração Filmes, tem previsão de lançamento nacional para o próximo mês de agosto.

Destaque

Importante frisar as justas premiações ao longa "Boca", uma competente mistura entre trama policial e filme de época, explorando a rixa entre donos de bordéis da região da Boca do Lixo, na capital paulista, mas, sobretudo, a personalidade única de um bandido que era leitor de Boudelaire e justificava com argumentos sociológicos a sede de sangue e o vício incontrolável por drogas ilícitas e poder.

Hiroito de Moraes está muito bem representado por Daniel de Oliveira, mais uma vez camaleônico nas telas de cinema. Contracenando com Daniel no papel de Alaide, esposa de Hiroito, a musa pernambucana Hermila Guedes revela um de seus melhores momentos, apoiada por linda produção de figurino e maquiagem. Foi dela o prêmio de Melhor Atriz.

A profunda pesquisa feita acerca da época - costumes, roupas, músicas - conferiu ao filme os troféus nas categorias Direção de Arte e Trilha Sonora, e o brilhantismo de Flavio Frederico, capaz de encontrar soluções apesar do baixo orçamento e rodar tudo em quatro semanas, rendeu-lhe a estatueta de Melhor Direção. Apesar do grande potencial comercial, "Boca" ainda negocia lançamento nacional e permanece sem previsão.

MAYARA DE ARAÚJO
ENVIADA A RECIFE*
A repórter viajou a convite da organização do Cine PE

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