Isso ficou especialmente evidenciado na vitória avassaladora do filme pernambucano “Febre do Rato” entre os seis competidores de ficção. Dirigido por Cláudio Assis e sem financiamento do polo de produção do município (que anualmente injeta dinheiro em vários projetos), o longa teve sessão avassaladora na quarta-feira e imediatamente subiu ao posto de favorito, o que se confirmou na noite seguinte.
Cláudio Assis
Além de “Febre do Rato”, a exibição de outros trabalhos de forte expressividade, como “O Palhaço”, de Selton Mello (premiado com troféu de melhor direção), e “Trabalhar Cansa”, de Marco Dutra e Juliana Rojas (prêmio especial do júri), deram a tônica do quanto especial foi Paulínia em 2011.
A primeira edição do festival, em 2008, havia sido animadora. Afinal, os grandes ganhadores tinham sido “Encarnação do Demônio”, de José Mojica Marins, e “Feliz Natal”, de Selton Mello – ambos trabalhos de cunho autoral e sem modismos. Porém, em 2009, a exibição de trabalhos desastrosos como “Destino”, de Moacyr Góes, e a vitória do equivocado “Olhos Azuis”, de José Joffily, acenderam o sinal amarelo.
Selton Mello
No ano passado, “5 X Favela – Agora por Nós Mesmos” e “Bróder”, dois filmes que problematizam frontalmente a pobreza e a negritude no Brasil, começaram a apontar um outro tipo de caminho, aparentemente reforçado agora.
Um elemento que sempre gerou desconfiança em relação ao projeto cinematográfico de Paulínia é a quantidade de dinheiro envolvida e suas ambições quase faraônicas, reforçadas na construção de um imenso teatro de quatro andares e capacidade para 2.000 pessoas.
Os premiados do Paulínia Festival de Cinema
O orçamento da prefeitura municipal é de R$ 750 milhões, dos quais 70% vêm de impostos decorrentes do refinamento de petróleo realizado na região. Com parte desse dinheiro, foi criado o Polo Cinematográfico de Paulínia, que agrega estúdios e escolas. No festival deste ano, foram distribuídos R$ 800 mil, sendo R$ 250 mil apenas para o melhor filme.
Especulou-se que Paulínia fosse financiar filmes que dessem visibilidade ao polo ou que tivessem apelo estritamente comercial (o mais recente, nesse sentido, é “De Pernas pro Ar”). Mas eis que, em 2011, viu-se “Trabalhar Cansa” e “O Palhaço” como exemplos contrários. Há vários outros em andamento. Alguma coisa acontece em Paulínia. É preciso olhar com atenção e de olhos abertos.
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