GENEBRA (Reuters) - O ator espanhol Javier Bardem e vários cineastas fizeram um apelo aos internautas na terça-feira a apoiar os setores de produção cultural criativa que lutam para sobreviver à era da pirataria digital, evitando fazer downloads ilegais de filmes e música gratuitos.
O diretor de cinema Iain Smith, o produtor egípcio Esaad Younis e o produtor e diretor indiano Bobby Bedi se uniram a Bardem para lançar um pedido por um novo tratado global para proteger os direitos dos atores e criadores de conteúdos audiovisuais.
Bardem, premiado com o Oscar e visto atualmente nos cinemas em "Biutiful", disse sobre a indústria do cinema: "Mais de 90 por cento das pessoas que trabalham no setor enfrentam problemas sérios para pagar seus aluguéis, suas contas e até mesmo comer."
"A remuneração é crucial, não para mim, mas para os 90 por cento que enfrentam problemas sérios para ganhar a vida."
Bardem disse em coletiva de imprensa que, diferentemente do que acontece com diretores, roteiristas e músicos, os direitos dos atores não são protegidos pelas leis internacionais atuais de direitos autorais.
"Nós, atores, contribuímos com outra coisa. Em certo sentido, somos autores."
O ator espanhol, que recebeu um Oscar por seu papel coadjuvante no filme de 2007 dos irmãos Coen "Onde os Fracos Não Têm Vez", é casado com Penelope Cruz, que contracena com Johnny Depp em "Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas".
Aludindo às pessoas que descarregam filmes na Internet sem pagar, ele falou: "As pessoas pensam que estão prejudicando o produtor que viaja de jatinho particular ou tem cinco piscinas ou o ator de Hollywood com três mansões em cada cidade."
"Elas se enganam. Estão prejudicando pessoas que mal conseguem ganhar a vida."
Graças à tecnologia digital, tornou-se fácil e barato descarregar novas obras culturais instantaneamente em qualquer parte do mundo.
"Isso permite o roubo de nosso produto de alta qualidade. Só que isso não é visto como sendo roubo", disse Bardem.
"PESADELO DE HOLLYWOOD"
Iain Smith, produtor nascido na Escócia cujas obras incluem "Sete Anos no Tibete", disse que o sonho de Hollywood se tornou um "pesadelo de Hollywood".
"A pirataria é uma ameaça enorme. Ela já provocou uma perda maciça de receita à indústria cinematográfica americana e a outras", afirmou ele, estimando que apenas a indústria do cinema dos EUA perdeu 25 bilhões de dólares no ano passado.
"Avatar" já foi descarregado ilegalmente 16,5 milhões de vezes, seguido por "Kick Ass - Quebrando Tudo" (11,4 milhões de vezes), ao mesmo tempo em que a venda de ingressos para o cinema vem caindo, disse Smith.
"O público quer magia, mas a magia tem um preço. É preciso que haja um contrato entre o dinheiro e a arte, o investimento e a criação."
Bobby Bedi disse que a tecnologia digital oferece uma oportunidade de desenvolvimento para o cinema. "Mas, se for mal utilizada, pode ser um problema imenso para nós. A pirataria é a maior maldição de meu setor", disse ele.
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