segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Produtores comemoram cenário promissor do cinema alagoano

Cinco produções locais foram selecionadas na Mostra do Filme Livre 2014.
Modelo de produção em parceria contribui para vencer dificuldades.

“A definição não tem como ser diferente: promissor. Chegamos a um estágio que não tem como voltar. É algo concreto. A gente já ganhou vários prêmios nacionalmente e já houve indicação para mostra internacional”, comemora o presidente da Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas (ABD) em Alagoas, Henrique Oliveira.
Produção do filme 'Ontem à noite' contou com parceria de diversos cineastas locais (Foto: Vanessa Mota/Divulgação)

O motivo da empolgação é o bom momento que vive o cinema local. A produção de audiovisual em alagoas refletiu na Mostra do Filme Livre 2014. A lista divulgada na terça-feira (28) trouxe cinco filmes alagoanos entre os 195 selecionados para exibição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBBs) de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, de 12 de março a 8 de junho.

A redescoberta dos filmes passa, em boa parte, pela parceria existente entre os cineastas. É comum perceber nas obras locais a mão que um realizador audiovisual estende a outro, auxiliando o companheiro no processo de produção ao assumir uma função na área da fotografia, arte, som ou produção.
Henrique Oliveira, presidente da ABD
(Foto: Caio Lorena/Globoesporte.com)

Henrique Oliveira revela que “a pluralidade na estética e na linguagem atingiu um nível alto”, mas cita a ajuda entre os cineastas como o ponto chave. “O ‘trabalho colaborativo’ é muito forte. A Paraíba só conseguiu espaço por causa desse modelo de produção. Ajudar uns aos outros é uma característica que não vamos perder. É bom, também, porque tira a hierarquização, já que você não trabalha em uma só função”.

Diretor de “Lixo” (2012), Paulo Silver também trabalhou produções de parceiros como no documentário “Jorge Cooper” e nos curtas “12:40” e “Menina”. Para ele, “trabalhar coletivamente é a unica forma de fazer cinema. Cinema é uma arte coletiva. Além disso, o mais legal é formar a cada vez novos companheiros de trabalhos e, futuramente, parceiros”, diz o produtor que cursa jornalismo na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

As características da produção audiovisual alagoana puderam ser vistas de perto em dezembro de 2013, durante a Mostra Sururu de Cinema Alagoano, onde 22 filmes concorreram em 11 categorias. Ao todo, 42 produções foram enviadas à comissão, sendo 32 produzidas de forma independente.

Além da Mostra Sururu, a Semana do Audiovisual de Arapiraca (Seda) e o Festival de Cinema de Penedo são a oportunidade de ouro para os realizadores locais. “O mais legal é que os três eventos são diferentes. A Sururu é mais uma mostra de diálogo com o público, e teve entre 1 mil e 1,2 mil pessoas por dia. A Seda tem proposta de trazer críticos de fora do estado para debater as produções. Já o Festival de Penedo é voltado a uma produção universitária. São eventos distintos e isso é muito importante”, avalia Oliveira.
Categoria se reuniu em frente ao Misa, no
Jaraguá, em forma de protesto. (Foto: Divulgação)

Editais
O crescimento do audiovisual alagoano nos últimos anos se deve, em parte, ao apoio do poder público. A luta para conseguir mais recursos alcançou resultados efetivos em abril de 2013, quando os cineastas alagoanos protestaram contra a desvalorização do governo no setor, em um manifesto intitulado “Quebre o balcão”.

Em junho, a prefeitura de Maceió atendeu às reivindicações e lançou o primeiro edital para o Prêmio Guilherme Rogato, no qual cinco produções foram contempladas com R$ 150 mil, sendo R 30 mil cada uma, para a produção de filmes de curta-metragem. Dois meses depois, o governo estadual abriu as inscrições para o Prêmio de Incentivo à Produção Audiovisual em Alagoas com o mesmo valor.

Para Oliveira, o lançamento dos editais foi uma clara resposta ao manifesto. “Toda resposta veio em reação aquele protesto, ao manifesto Quebre o balcão. Isso foi claro para todos nós", afirmou ao ressaltar que, em detrimento do número de editais, o tempo destinado à produção dos filmes deve ser revisto. “Recebemos um bom aporte, embora esteja longe do ideal, mas o que mais tem pesado, para nós, é o tempo. No último edital, a prefeitura deu seis meses para todo o processo. O tempo mínimo ideal é de um ano. Todos os estados do Brasil dão esse tempo”.

Novos projetos
Mesmo com o calendário recheado de eventos, o audiovisual alagoano ainda carece de um maior espaço para a exibição dos filmes. Em fevereiro, o Cine Arte Pajuçara deve pôr em prática o projeto “Curta Antes do Longa”, que vai exibir curtas-locais nas sextas-feiras e sábados, antes do filme de longa duração.

“A gente tem púbico em quantidade e fidelização, o espaço que ainda é pouco. Temos o SESC, cineclubes e o projeto do Cine Arte Pajuçara, que deve se iniciar em fevereiro. Na Bahia, por exemplo, há um acordo com os cinemas no formato ‘plex’, no qual fica reservado um dia da semana para a exibição de filmes baianos”, compara Oliveira.

Com novos espaços, o audiovisual receberia uma atenção especial do público. Para o produtor, o preconceito com a produção local ficou no passado. “Esse tipo de resistência nós já conseguimos quebrar. Acho que nós temos público a expandir, esse é o nosso desafio. O público quer o cinema alagoano”, comemora.

fonte:
http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2014/02/produtores-comemoram-cenario-promissor-do-cinema-alagoano.html

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