sábado, 2 de novembro de 2013

Em passagem por São Paulo, Dov Simens conversou com Meio & Mensagem sobre o mercado mundial de cinema.

Olá queridos, achei essa pequena entrevista interessante e gostaria de todos lessem...

"Se você tiver talento, basta assistir à minha aula e fará dinheiro com cinema"
Em passagem por São Paulo, Dov Simens conversou com Meio & Mensagem sobre o mercado mundial de cinema.


Por Igor Ribeiro
Dov Simens nunca estudou cinema. Foi soldado no Vietnã, abriu uma livraria com o dinheiro da aposentadoria, vendeu tudo nos anos 1980 e, com a cara e coragem, dirigiu um longa que fez algum sucesso no meio independente. E passou a ser requisitado para dar cursos rápidos. Tornou-se referência. Criou um curso de dois dias pelo qual passaram nomes como Quentin Tarantino, Will Smith, Robert Rodriguez e Guy Ritchie. Sua aula mostra, basicamente, como tornar um projeto lucrativo, ensinando a produzir um longa no primeiro dia e a vendê-lo no segundo. Em passagem por São Paulo, conversou com Meio & Mensagem.

Meio & Mensagem ›› O mercado de filme independente no Brasil sofre muita falta de recursos, não tem solidez. O governo poderia incentivar mais?
Dov Simens ›› Parte é culpa da imprensa, que não divulga esse mercado. E dos próprios indivíduos, que não se dão conta de que podem ter sucesso. O governo não tem nada a ver com isso e até tenta ajudar, tem um programa de financiamento muito bom. Mas cria pessoas dependentes do sistema. É possível produzir filmes que deem lucro, mas os cineastas não pensam assim. O problema é que faltam bons empreendedores e produtores no Brasil e a mídia elogia esses programas de incentivo do governo.

M&M ›› Também dizem que nosso parque exibidor é muito pequeno.
Dov Simens ›› Tem razão. Os EUA têm 300 milhões de pessoas e 40 mil salas. Vocês têm 200 milhões de pessoas e 2,5 mil salas. Mas estão construindo e só começaram há cinco anos. Isso é mercado imobiliário, quanto mais investimento, mais salas de cinema serão criadas. Há tantas cidades no Brasil, com população entre 300 mil e um milhão de habitantes e ainda há poucos multiplexes. Que virão.

M&M ›› Suas aulas também ajudam a vender um filme?
Simens ›› Sim, são aulas sobre negócios. O negócio de se produzir um filme no primeiro dia e vender no segundo. É tudo negócio, afinal isso se chama “show business”, não “show art”. A primeira lição é: Brasil, pare de produzir curtas-metragens. São todos estúpidos. Ninguém é capaz de lembrar um curta produzido nos últimos 50 anos que foi vendido e deu lucro. Os únicos interessados são os organizadores de festivais. Se eu for um organizador de festival, claro, vou querer um monte de curtas, para mim vai ser um negócio! Mas, eles conseguem distribuidores? Não. Vendem isso para a TV? Não.

M&M ›› O mercado brasileiro sente falta de bons roteiros. O que há para se ensinar nesse quesito?

Simens ›› Sim, vocês não são muito bons contadores de histórias... O segredo é a fórmula. Na escola, não lhe apresentam o espírito empreendedor. Alguns caras, como o (Fernando) Meirelles, têm isso, fica muito nítido em Cidade de Deus. Pixote? Não. Central do Brasil? Um pouco. Não vi Tropa de Elite e outras comédias de sucesso recentes, como Até que a Sorte nos Separe, Os Penetras, De Pernas pro Ar e não sei como são as histórias. Mas fazem negócio!

M&M ›› Qual é a fórmula?
Simens ›› Você precisa de, pelo menos, US$ 10 mil. Não tem? Vai trabalhar no Starbucks e junte dinheiro. Depois, é necessário um roteiro de 90 páginas e uma locação, para ser gravado em tempo real. A história acontece em 90 minutos. É, basicamente, o que Hitchcock fez em Festim Diabólico. Ele entendia de roteiro e era um homem de negócios. Uma só locação: um bordel, ônibus, cela de prisão, casamento, em que tudo dá errado... No Brasil vocês fazem com começo e final, mas o meio é que está errado. É preciso colocar desafios aos personagens de forma que sejam vencidos passo a passo. A maior parte dos roteiros tem 15 cenas. Metade é para a história principal, o roteiro primário, que precisa de altos e baixos. É o que chamo de cinco “Oh, shit!” (“Puta merda!”) e um “Oh, my God!” (“Ai, meu Deus!”). Também precisa criar histórias de fundo para os personagens e três subtramas, que vão tomar entre seis e nove cenas, que se resolvem em si mesmas, mas interferem na história primária, com os altos e baixos. É um conceito muito claro.


Leia Mais: http://www.meioemensagem.com.br/home/gente/sapo_de_fora/2013/06/24/Entrevista-Dov-Simens-Expresso-do-Ocidente.html#ixzz2jX9z5UfU


colaboração:
Phillip Banks
  

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