domingo, 11 de setembro de 2011

Vídeo de Amazonense revela contraste entre a vida em Manaus e na Áustria


O trabalho de Naia Arruda revela o contraste entre sua vida em Manaus e na Áustria, onde hoje é radicada, e um pouco de sua história pessoal, com imagens de sua infância e adolescência



    "Miss Zebra" foi selecionadana quinta edição do programa Rumos Artes Visuais do Itaú
    "Miss Zebra" foi selecionadana quinta edição do programa Rumos Artes Visuais do Itaú (Divulgação/Reprodução)
    Com um vídeo intitulado “Miss Zebra”, a artista visual Naia Arruda foi a única amazonense selecionada na quinta edição do programa Rumos Artes Visuais do Itaú Cultural. Ao todo, 45 artistas foram escolhidos dentre 1.770 candidatos de todo o País inscritos no edital. Em seu vídeo, produzido com a colaboração do cineasta austríaco Herbert Brödl, a artista aparece transitando entre diversos cenários de Manaus e da Áustria, trajando uma roupa com estampas em imitação de zebra.
    Com 14 minutos de duração, “Miss Zebra” reúne 15 do que Naia chama de “vídeo-miniaturas”, e que consistem de cenas retratando a artista em várias situações – andando numa trilha em meio à neve, passeando por uma rua de seu bairro em Manaus, percorrendo uma floresta às cegas, observando a jaula de uma onça no zoológico, fazendo tapioca na cozinha, entre outras. Segundo ela, a proposta do filme é evidenciar as diferenças entre seu cotidiano em sua terra natal e na Áustria, onde hoje é radicada.
    “Quis mostrar no ‘Miss Zebra’ esse contraste entre os dois ambientes, que é muito presente na minha realidade e que se reflete no meu trabalho”, comenta Naia. A exemplo de um trabalho seu anterior, “Amazona”, no qual encarnou uma versão contemporânea da lendária figura da mitologia amazônica, resolveu encarnar o papel de uma zebra no novo projeto. “É um animal que não existe nem na Europa e nem na América do Sul, visitando esses dois lugares”.
    Foi desse trânsito entre diferentes países que surgiu a ideia de “Miss Zebra” para o vídeo, como conta Naia. “No início pensei em ‘Madame Zebra’, mas depois vi que (a personagem) não tinha nada de madame, e era mais uma miss, que é alguém que tem a função de visitar os lugares, fazer coisas e mostrar coisas sobre si mesma”, explica.
    Arte e história pessoal
    A concepção de “Miss Zebra” – gravado entre 2008 e 2010, nas idas e vindas de Naia entre o Brasil e a Europa – surgiu quando a artista encontrou o traje de listras num shopping local. “Olhei e imediatamente me vieram as ideias desse vídeo, que é feito de ‘miniaturas’: eu no lago, na cozinha, no zoológico e por aí vai”, comenta ela.
    Além das aparições de Naia em seu curioso traje, o vídeo é entremeado com fotografias da artista criança e adolescente, numa mistura entre a arte e história pessoal que é prática usual na arte contemporânea. “Sempre tive vontade de fazer um trabalho sobre a minha infância e adolescência. Depois que me filmei imitando um veado, como se estivesse brincando, associei aquilo com a minha infância. Fui intercalando as fotos com essa brincadeira”, destaca.
    Da zebra ao jacaré
    “Miss Zebra” foi produzido por Naia – com a participação de Brödl como câmera e durante a montagem – especialmente para participar do edital do Itaú Cultural. “A expectativa (de ter o trabalho selecionado) sempre existe, mas foi uma grande surpresa”, comenta a artista. Ela virá ao Brasil no ano que vem para a exposição dos trabalhos contemplados (veja Busca Rápida), e já planeja fazer aqui um novo trabalho.
    “Estou escrevendo outro projeto para fazer no rio Negro, e já tenho um companheiro: um jacaré inflável”, diverte-se ela. “Estou lendo a literatura dos viajantes para me inspirar”.
    O novo projeto, antecipa ela, poderá usar fotografia e desenho, mas o vídeo continua sendo a sua linguagem primeira. “De certo modo, penso que estou ainda muito engatinhando na arte, mas os vídeos já estão sendo uma essência, e estou conseguindo um alicerce para eles”, conclui.

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