quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Filmes utilitários, amadores, órfãos e efêmeros: repensando o cinema a partir dos ‘outros filmes’

Os estudos de cinema têm vindo a construir-se, em larga medida, em torno do filme de ficção, dentro de um paradigma predominantemente estético, autoral e nacional. Apesar de constituírem a maior parte da produção mundial, os filmes de não-ficção – uma categoria alargada, de metragem variada, que inclui gêneros tão díspares como o filme de viagem, o filme utilitário e ‘efêmero’ (industrial, turístico, educativo, publicitário), o filme de atualidades, o filme amador e doméstico e os chamados filmes 'órfãos' – têm sido sistematicamente marginalizados ou mesmo excluídos das várias histórias e historiografias do cinema, nacionais e internacionais.



Em Portugal, a importância desta vasta produção para a sobrevivência da indústria cinematográfica não a impediu de se tornar, na expressão de Paulo Cunha, num ‘cinema invisível’ (2014). As recentes melhorias no acesso a arquivos de imagem em movimento, bem como a crítica do paradigma estético dominante, a favor de abordagens ‘historicamente mais neutras’ (Stephen Bottomore, 2001), têm vindo a encorajar a investigação deste ‘território não-cartografado’ (Daan Hertogs e Nico de Klerk, 1997), resultando num aumento significativo de publicações nesta área.

Este dossiê temático da Aniki pretende reunir artigos que discutam, não apenas questões diretamente relacionadas com estes filmes – como é que podem ser investigados e para quê; quais os problemas que suscitam em termos teóricos e metodológicos; como podem ser programados – mas também aspectos relacionados com o campo em si – nomeadamente, como é que a atenção a novos objetos de estudo poderá implicar novas formas de conceber o cinema e a sua história. Ou seja, como é que podemos repensar o cinema a partir dos ‘outros filmes’?

Contributos vindos de áreas como os estudos de cinema, os estudos culturais, a história, a sociologia e a antropologia serão bem vindos. Será dada prioridade a casos de estudo originais e bem fundamentados, provenientes de vários arquivos e cinematografias.

Os artigos recebidos serão sujeitos a um processo de seleção e de revisão cega por pares. Antes de submeter o seu artigo completo, consulte as Políticas de Secção e as Instruções para Autores.


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Sofia Sampaio, Raquel Schefer e Thaís Blank coordenam, desde 2013, o grupo de trabalho ‘Outros Filmes’ da AIM.

Sofia Sampaio é Investigadora Auxiliar no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), onde integra o grupo de investigação ‘Práticas e Políticas da Cultura’. Tem publicado em várias revistas científicas nacionais e internacionais, tais como: Textual Practice; Journal of Tourism and Cultural Change; Etnográfica; Cadernos de Arte e Antropologia; Ler História; Culture Unbound: Journal of Current Cultural Research; Scope: An online Journal of Film and Television Studies; Cinema: Journal of Philosophy and the Moving Image. Atualmente é Investigadora Principal do Projeto ‘Atrás da câmara: práticas de visualidade e mobilidade no filme turístico português’ (EXPL/IVC-ANT/1706/2013), financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES.

Raquel Schefer é investigadora, realizadora e programadora de cinema. Doutoranda em Estudos Cinematográficos na Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3, finaliza uma tese dedicada ao cinema revolucionário moçambicano. Mestre em Cinema Documental pela Universidade del Cine de Buenos Aires, publicou a sua tese de mestrado, “El Autorretrato en el Documental”, na Argentina, em 2008. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, é atualmente membro do comité editorial das revistas La Furia Umana e General Intellect. Publicou artigos em revistas nacionais e internacionais, tais como: Aniki; Cibertronic; Débordements; Imagofagía; La Clave; LaFuga; Kronos: Southern African Histories; Le Journal de la Triennale; Poiésis; Textos e Pretextos; Visaje, entre outras.

Thais Blank é investigadora, montadora e realizadora. Doutoranda em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011) em regime de cotutela com a Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. É mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ (2010). Possui graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2007). Atualmente é supervisora do Núcleo de Audiovisual e Documentário do CPDOC/FGV. Possui artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, tais como: Devires; Laika; Significação; Doc On-line; História da Mídia, entre outras.


Dossiê Temático: Outros Filmes
Prazo: 31 dezembro 2015
Editores: Sofia Sampaio, Raquel Schefer e Thaís Blank

fonte: @MadeinBrazil @edisonmariotti #edisonmariotti  aim.org.pt/aniki/

sábado, 1 de agosto de 2015

10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo



O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo nasceu em 2006, quando respondíamos pela Secretaria de Estado da Cultura. Em sintonia com a Fundação Memorial da América Latina, lançamos sua semente com a proposta de contribuir para a evolução do papel protagonista que a cinematografia da América Latina então experimentava. Tínhamos como foco a troca de informações para possíveis ações conjuntas, no sentido de consolidar e melhor compreender a produção audiovisual da região. 



Nesta década de existência que comemoramos agora, o festival lançou mão de muita criatividade para realizar suas edições. Esforço gratificante. Dez anos depois, o evento torna-se referência internacional como espaço de exibição e discussão dos caminhos do audiovisual da América Latina e do Caribe. 

Resistência e criatividade também são marcas de nossa atuação na Fundação Memorial da América Latina, iniciada no final de 2012. Uma gestão marcada pela determinação em recuperar o essencial dos sonhos de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer. E seguir o interesse pela América Latina por parte dos diversos governos do estado de São Paulo, mesmo antes da criação do Memorial (1989), até os dias de hoje. E essa criatividade, aliada à ideia de parcerias, mais do que nunca se faz necessária. O mais recente sucesso dessa conjunção foi, em junho deste ano, o show em homenagem ao cantor Cazuza, que trouxe cerca de 40 mil pessoas para nossa Praça Cívica. Evidência de que o Memorial se afirma como o grande Espaço Público da Cultura Latino-Americana em nosso estado, em nossa cidade, em nosso país. 

O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo também abrilhanta nossa Praça Cívica. Assim como em 2014, nela acontecem projeções, em tenda cuidadosamente aparelhada para tal. Os debates e encontros são realizados na Biblioteca Latino-Americana, enquanto o credenciamento, a convivência e as confraternizações têm lugar na Galeria Marta Traba. Faço aqui um registro especial às diversas parcerias e apoios que muito nos honram, como a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura, Petrobras, Sabesp, Sesc, Prodesp, Cinemateca Brasileira e Cinusp. A todos, nossos sinceros agradecimentos.

Assim, pelo décimo ano consecutivo, diretores, produtores, acadêmicos e outros profissionais do mercado se unem a cinéfilos apreciadores do cada vez mais elogiado e premiado cinema realizado por toda a nossa querida América Latina. Um ótimo festival a todos! 

João Batista de Andrade
Presidente 


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¡Diez años! 

El Festival de Cine Latinoamericano de São Paulo nació en 2006, cuando respondíamos por la Secretaría de Estado de la Cultura. En sintonía con la Fundación Memorial de América Latina, lanzamos su semilla con la propuesta de contribuir con la evolución del papel protagonista que en aquel momento experimentaba la cinematografía de América Latina. Nuestro enfoque era el intercambio de informaciones para posibles acciones conjuntas, en el sentido de consolidar y entender mejor la producción audiovisual de la región. 

En esta década de existencia, que ahora conmemorarnos, el festival usó mucha creatividad para realizar sus ediciones. Pero fue un esfuerzo gratificador. Diez años después, el evento pasa a ser referencia internacional como espacio de exhibición y discusión de los caminos del audiovisual de América Latina y del Caribe. 

La resistencia y la creatividad también son marcas de nuestra actuación en la Fundación Memorial de América Latina, comenzada a finales de 2012. Una gestión señalada por la determinación de recuperar lo esencial de los sueños de Darcy Ribeiro y de Oscar Niemeyer. Y acompañar el interés en América Latina por parte de los diversos gobiernos del estado de São Paulo, antes incluso de la creación del Memorial (1989) hasta la actualidad. Esa creatividad, unida a la idea de alianzas, se hace necesaria más de lo que lo fue nunca. El más reciente éxito de tal conjunción fue la realización, en junio de este año, del show en homenaje al cantante Cazuza que trajo a casi 40 mil personas a nuestra Plaza Cívica, una evidencia de que el Memorial se afirma como el gran Espacio Público de la Cultura Latinoamericana en nuestro estado, en nuestra ciudad y en nuestro país. 

El Festival de Cine Latinoamericano de São Paulo también da brillo a nuestra Plaza Cívica. Así como en 2014, en ella se realizan proyecciones, en una carpa cuidadosamente preparada para esa función. Los debates y encuentros se realizan en la Biblioteca Latinoamericana, mientras que el registro, la convivencia y las confraternizaciones se realizan en la Galería Marta Traba. Quiero hacer una mención especial a las diversas alianzas y apoyos que tanto nos honran, como los que tenemos con la Secretaría de Estado de la Cultura de São Paulo, Secretaría Municipal de Cultura, Petrobras, Sabesp, Sesc, Prodesp, Cinemateca Brasileira y Cinusp. A todos ellos, nuestro sincero agradecimiento. 

De tal forma, por el décimo año consecutivo, directores, productores, académicos y otros profesionales del mercado se unen a cinéfilos apreciadores del cada vez más elogiado y premiado cine realizado por toda nuestra querida América Latina. ¡Les deseamos un excelente festival a todos! 

João Batista de Andrade
Presidente