segunda-feira, 29 de setembro de 2014

ROBERT WISE - Cidade Universitária e Centro Universitário Maria Antônia - de 29 de setembro a 26 de outubro de 2014

Depois de quase dois meses de interrupção das suas atividades por conta da greve de alunos, professores e funcionários da Universidade de São Paulo, o CINUSP Paulo Emílio retoma sua programação regular com a mostra ROBERT WISE, em homenagem a um dos diretores mais bem-sucedidos e prolíficos do cinema clássico de Hollywood, que teria completado cem anos de idade no último dia 10 de setembro. Falecido há nove anos, no dia 14 de setembro de 2005, Robert Earl Wise nasceu em Winchester, Indiana, no dia 10 de setembro de 1914. Diretor, produtor ou montador de inúmeros clássicos do cinema norte-americano, sua história de vida atravessa boa parte do período áureo de Hollywood e seu trabalho inclui experiências em quase todos os gêneros cinematográficos, de modo que sua trajetória cinematográfica se confunde com a própria história da indústria.
Wise queria ser jornalista, mas, devido à crise financeira de 1929, teve que interromper os estudos aos 19 anos para começar a trabalhar. Mudou-se para Los Angeles, onde um irmão mais velho trabalhava na indústria cinematográfica e lhe arrumou emprego como operador de som na RKO. Trabalhou no departamento de som em vários filmes da RKO, como, por exemplo, O Delator (The Informer), de John Ford, até que, em 1939, passou a montar filmes e a ganhar prestígio no meio, processo que culminou com o convite de Orson Welles, em 1941, para que ele editasse seu primeiro filme, Cidadão Kane, pelo qual Wise acabaria sendo indicado ao Oscar de Melhor Montagem. Wise ainda trabalharia com Welles na montagem do filme seguinte do lendário cineasta, Soberba (The Magnificent Ambersons), o qual, depois de inúmeros desentendimentos entre Welles e os produtores, passou a contar, inclusive, com cenas adicionais dirigidas por Wise. Com a fama que alcançou por meio de seu trabalho como montador, Robert Wise foi convidado, em 1944, para substituir o croata Gunther von Fritsch na direção do filme A Maldição do Sangue da Pantera, continuação do grande sucesso Sangue de Pantera (Cat People), dirigido por Jacques Tourneur dois anos antes. O filme repetiu o êxito de bilheteria de seu antecessor e, a partir daquele ponto, Robert Wise não parou mais de dirigir longas-metragens de sucesso.
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Ao longo de mais de cinquenta anos de carreira como diretor, Robert Wise dirigiu trinta e nove filmes e construiu uma expressiva trajetória dentro do mundo cinematográfico. Além de ter sido indicado pela montagem de Cidadão Kane e, dezessete anos depois, pela direção de Eu Quero Viver!, Wise conquistou duas vezes, simultaneamente, os prêmios de Melhor Diretor e Melhor Filme no Oscar: pelos musicais Amor, Sublime Amor, em 1962, e A Noviça Rebelde, em 1966. No seguinte, seria indicado ainda mais uma última vez ao maior prêmio do cinema norte-americano, na categoria Melhor Filme, por O Canhoneiro do Yang-Tsé.
Além de extensa, a filmografia de Robert Wise é também marcada por uma incomparável versatilidade, que lhe permitiu transitar com a mesma desenvoltura por uma gama bastante diversa de gêneros cinematográficos. De adaptações de suntuosos espetáculos da Broadway, como os icônicos musicais Amor, Sublime Amor e A Noviça Rebelde, à primeira adaptação para o cinema da cultuada série televisiva de ficção-científica Jornada nas Estrelas, passando por filmes de guerra e de horror (tanto os de caráter “B”, como aquele com a qual iniciou sua carreira de diretor, A Maldição do Sangue da Pantera, quanto os sofisticados Desafio do Além e As Duas Vidas de Audrey Rose), thrillers, dramas históricos, policiais noir, comédias românticas e westerns, Wise foi responsável por obras marcantes em quase todos os gêneros do cinema hollywoodiano típico. Constantemente lembrado por sua excelência técnica e por sua precisão estética, Robert Wise explorou de maneira criativa as convenções do estilo clássico do cinema norte-americano. Sua heterogênea filmografia ganha contornos ainda mais relevantes quando se constata que há ali não só o domínio, mas também a capacidade de subverter e misturar essas convenções dos gêneros cinematográficos. É o caso, por exemplo, de Punhos de Campeão, obra que mescla traços do film noir e elementos do filme gangster a um drama sobre boxe. Robert Wise explora tanto as fronteiras entre os gêneros que diversos dos seus filmes não se permitem enquadrar em apenas um deles, apresentando nuances, combinações e variações que levam essas obras para além da catalogação didática.
No campo da teoria e da crítica do cinema, Robert Wise muitas vezes tem sua importância subestimada dentro da história do cinema, mas é reconhecido com unanimidade como um cineasta completo, por ter dominado a arte de contar boas histórias, independentemente do gênero em que trabalhava. Parte da crítica costuma se deter na habilidade técnica do diretor, ignorando o possível caráter autoral de seu trabalho. Em contrapartida, outra parte da crítica reconhece a posição de Wise como autor, por seus filmes representarem uma expressão de modernidade e de discussão das convenções no panorama intrinsecamente padronizado do cinema de gênero hollywoodiano.
Atento à efeméride do centenário de nascimento deste singular e importante cineasta, o CINUSP Paulo Emílio realiza agora a mostra ROBERT WISE, uma abrangente retrospectiva com vinte e um dos mais diversificados e célebres filmes dirigidos pelo realizador. Esse tributo ao centenário do diretor traz de volta para a tela grande e para a sala escura do cinema filmes representativos da pluralidade de gêneros e da excelência técnica inerentes ao trabalho desse cineasta. Além dos musicais que o tornaram célebre, Amor, Sublime Amor e A Noviça Rebelde (e de outro musical também estrelado por Julie Andrews, A Estrela), ganham exibição nesta mostra longas-metragens que representam todas as facetas do trabalho do cineasta, de quase todas as décadas em que trabalhou. Praticamente todos os filmes reunidos nesta programação podem ser considerados clássicos dentro de seus gêneros específicos, seja o film noir (Nascido Para Matar, Terrível Suspeita), a ficção-científica (O Dia que a Terra Parou, Jornada nas Estrelas: O Filme, O Enigma de Andrômeda), o terror (A Maldição do Sangue da Pantera, Desafio do Além, As Duas Vidas de Audrey Rose), o épico histórico (Helena de Troia, O Dirigível Hindenburg), a comédia romântica (Dois na Gangorra), ou o filme de guerra (O Mar É Nosso Túmulo, Ratos do Deserto, O Canhoneiro do Yang-Tsé). Também estão incluídos na programação desta mostra exemplos de seu talento ao conduzir histórias dramáticas sobre os mais diversos assuntos, como a vida de boxeadores e o mundo do crime (Marcado pela Sarjeta, Punhos de Campeão), o sistema judicial (Eu Quero Viver!) ou o mundo dos negócios (Um Homem e Dez Destinos).
Reunindo tantas obras de qualidade de um mesmo diretor, o CINUSP convida aos admiradores do diretor Robert Wise, assim como àqueles que ainda não conhecem o seu trabalho, a apreciarem suas obras pelo que elas são: cinema clássico em sua melhor forma, pelas mãos de um de seus maiores artesãos. Um tributo ao centenário de um cineasta de vasta trajetória e plural filmografia e uma oportunidade para o público conferir na sala de cinema a maestria técnica e estética de Robert Wise.

PROGRAMAÇÃO:
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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Equipe de produção da Made In Brazil Entertainment


Imersão na locação para a gravação do filme -
Auto da visitação - Padre José de Anchieta
Local: Aras no interior de São Paulo


























quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Abertas inscrições para interessados em exibir filmes em mostra de audiovisual

Objetivo é permitir que produções audiovisuais possam alcançar parcelas da sociedade que têm pouco ou nenhum acesso à cultura

Cinema e Direitos Humanos

A iniciativa “Democratizando”, da 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul, está com inscrições abertas para cadastrar as instituições e espaços culturais de todo o Brasil que tenham interesse em exibir os filmes. As inscrições seguem até o dia 15 de novembro. Poderão participar da seleção locais como cineclubes, pontos de cultura, institutos federais de educação profissional, universidades, museus, bibliotecas, sindicatos e associações de bairros.

O objetivo é permitir que as produções audiovisuais da mostra possam alcançar parcelas da sociedade que têm pouco ou nenhum acesso à cultura. Segundo o regulamento, serão escolhidos até mil pontos de exibição e cada um receberá um kit contendo os filmes da mostra, que devem ser apresentados ao público entre os meses de janeiro e março de 2015, em sessões gratuitas.

Para participar, os responsáveis pelas instituições devem preencher cadastro online. A lista dos espaços selecionados será divulgada até 25 de novembro de 2014.

Diversidade

A 9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul evento reúne obras produzidas em países do Hemisfério Sul, que abordem temas relacionados aos direitos humanos. Composta por filmes de curta, média e longa metragem, a Mostra percorrerás as 26 capitais brasileiras e o Distrito Federal entre os dias 3 de novembro e 14 de dezembro. Pelo segundo ano seguido, as produções também serão exibidas em cerca de mil espaços culturais selecionados pelo projeto “Democratizando”.

A programação compreende uma seleção de filmes contemporâneos que, desde 2008, são selecionados por meio de chamada pública, além de uma retrospectiva histórica, homenagens e programas especiais. A Mostra é realizada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em parceria com o Ministério da Cultura, com produção da Universidade Federal Fluminense e patrocínio da Petrobras e do BNDES.

Em 2013, foram exibidos 38 filmes em todas as capitais. Ao total, quase 30 mil pessoas assistiram às produções da Mostra Principal. Em 2013, a Mostra Democratizando foi exibida em 600 pontos por todo o País.

Serviço

9ª Mostra Cinema e Direitos Humanos no Hemisfério Sul

· Telefones: 55 21 2629.9763 (Universidade Federal Fluminense) e 55 61 2025.3732 /3950 (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República)
 
·         E-mail: mostracdh.democratizando@gmail.com

fonte: #edisonmariotti @edisonmariotti http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2014/09/abertas-inscricoes-para-interessados-em-exibir-filmes-em-mostra-de-audiovisual

domingo, 21 de setembro de 2014

Turismo cinematográfico ganha força no País

Cidades brasileiras devem se preparar para receber grandes produções cinematográficas e séries de TV



Filme "Deus é Brasileiro" foi gravado em Palmas (TO)

A visibilidade conquistada com a Copa do Mundo, a boa hospitalidade do brasileiro e a diversidade de paisagens nos destinos turísticos nacionais abrem espaço para fortalecer o turismo de cinema no Brasil. A avaliação é do ministro do Turismo, Vinicius Lages, que sugeriu a construção de uma pauta específica e intersetorial, com a participação de governos locais e federal, para tratar do tema. A sugestão foi feita durante a Reunião Estadual de Turismo do Rio de Janeiro, realizada nessa quinta-feira (18) no auditório da Fecomércio, no Rio.

O encontro de gestores públicos e representantes do setor produtivo, organizado pela Secretaria de Turismo do Estado do Rio de Janeiro, contou com o representante da Rio Film Comission, Steve Slot. "Temos de unir forças para vender o Brasil como um cenário para grandes produções cinematográficas e de TV", afirmou. Ele afirmou que a realização do Festival de Cinema do Rio de Janeiro, marcado para a próxima semana, é uma boa oportunidade para discutir o assunto.

Para o ministro Vinicius Lages, quando se fala em turismo cinematográfico, devemos lembrar que trata-se de um público extremamente qualificado, que se bem tratado tem um poder incrível de divulgar os destinos turísticos. “Imagina um ator de Hollywood renomado falando bem de uma cidade brasileira", disse. O Ministério do Turismo elaborou uma cartilha que explica o tema turismo cinematográfico.

Sede de um dos principais polos cinematográficos do Brasil, o Rio de Janeiro serve de cenário para o terceiro filme da série Cidades Que Eu Amo. Depois de Paris e Nova Iorque, a capital carioca abrigou 11 diretores de sete nacionalidades reconhecidos mundialmente que retratam os encantos do Rio por meio de personagens de diversas áreas da cidade.

Dados da Agência Nacional de Cinema (Ancine) mostram que o setor audiovisual movimenta mais de R$ 16 bilhões por ano. De acordo com um estudo do Ministério do Turismo, a adoção de uma política pública integrada entre as produções de cinema e o turismo reforça a divulgação do País.

O Brasil no telão

Entre os cenários brasileiros eternizados nas telas de cinema estão a praia de Jericoacoara (CE - A Ostra e o Vento), o município de Cabaceiras (PB) – apelidado de “Roliúde Nordestina”, após abrigar as filmagens de “O Auto da Compadecida”, e o município de Morro Branco (CE), cujas paisagens ficaram famosas nas novelas “Tropicaliente” e “Final Feliz”.

Em Palmas (TO), o circuito turístico “Nas trilhas do cinema” percorre locais de filmagens de produções como o reality show americano “Survivor Tocantins”, os filmes “Deus é brasileiro”, “Xingu” e da novela “Araguaia”. De acordo com Márcio Turcato, proprietário de uma agência que atua no circuito, a relação entre turismo e produção audiovisual é mutuamente benéfica. “Depois que criamos o primeiro roteiro, a região ficou mais conhecida e passou a atrair novas produções”, diz.

A capital federal, Brasília (DF), também se consolidou como polo desse segmento turístico graças aos lançamentos “Somos tão jovens”, “Faroeste Caboclo” e “Rock Brasília – Era de Ouro”. Está previsto o início das filmagens de “O filme da minha vida”, dirigido por Selton Mello, no sul do País. A equipe de filmagens tem pesquisado cenários em cidades da Serra Gaúcha como Garibaldi, Farroupilha, Cotiporã e Bento Gonçalves. As locações serão ambientadas nos anos 1960.

O turismo cinematográfico é praticado em vários lugares do mundo. Os atrativos variam de visitas aos sets de filmagem a cenários montados pelas produções audiovisuais. Alguns destinos reconhecidos são Escócia (Coração Valente), Nova Zelândia (Senhor dos Anéis) e Romênia (Drácula). Nesses lugares, as visitas movimentam a cadeia econômica do turismo, desde a hospedagem até a alimentação.

Por: Ascom/Mtur fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.jornaldiadia.com.br/news/noticia.php?Id=40851#.VB98-les-_I

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Cinema estimula avanço da visualização científica


Agência FAPESP – Quando o diretor de cinema norte-americano George Lucas escreveu o roteiro do primeiro filme da série Guerra nas Estrelas (1977), ele planejava utilizar computação gráfica em uma das cenas principais, o ataque à estação espacial Estrela da Morte. 
Visualização do mapa das conexões neurais do cérebro do projeto Connectome, dos NIH, na "caverna virtual" da University of Illinois at Chicago (foto: EVL)


Mas na época a computação gráfica ainda começava a ser explorada por empresas de efeitos especiais, como a Industrial Light & Magic, fundada pelo próprio Lucas em 1975.

A solução tecnológica para a cena foi encontrada no Laboratório de Visualização Eletrônica (EVL, na sigla em inglês) da University of Illinois at Chicago (UIC), nos Estados Unidos. Na época, pesquisadores da instituição desenvolviam um sistema de computação gráfica para auxiliar químicos a fazer modelagem molecular. Com ele, era possível fazer as animações tridimensionais que Lucas pensava para o filme.

“Desenvolvíamos projetos de visualização científica, oferecendo computadores e softwares para químicos elaborarem modelos moleculares”, disse Maxine Brown, diretora do EVL, em uma palestra durante o CineGrid Brasil, congresso internacional realizado nos dias 28 e 29 de agosto no teatro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

“O diretor de fotografia do filme [o britânico Gilbert Taylor (1914-2013)] veio ao nosso laboratório e adaptou o sistema de modelagem molecular em parceria com os pesquisadores para criar a apresentação do plano de ataque à Estrela da Morte mostrada no filme”, afirmou.

A tecnologia de visualização científica desenvolvida pela instituição para fins científicos foi uma das várias que acabaram inspirando a ficção e chegando às telas dos cinemas.

Por outro lado, conceitos de visualização computacional imaginados e apresentados pela primeira vez em filmes também motivaram os pesquisadores da instituição a desenvolver soluções com propósitos científicos.

“A ciência influencia o cinema e vice-versa”, avaliou Brown. “Quando as pessoas veem algumas tecnologias desenvolvidas no nosso laboratório logo pensam que são cenografia para filmes de ficção científica. Em contrapartida, muitas coisas que vemos no cinema e ainda são ficção científica inspiram os nossos cientistas.”

O ambiente de realidade virtual “Holodeck”, apresentado pela primeira vez na série de televisão Jornada nas Estrelas, lançada em 1987, motivou os pesquisadores a desenvolver, em 1992, a Cave Automatic Virtual Enviroment (Cave), um sistema de projeção de realidade virtual.

A “caverna virtual” é uma sala no formato de um cubo na qual são emitidos sons e projetadas imagens tridimensionais em três paredes e no chão do ambiente, visualizadas por meio de óculos estereoscópicos (com visão binocular).

O usuário pode explorar o cenário projetado ao se movimentar dentro do cubo e manipular os objetos tridimensionais com um controle com três botões.

“A cave foi projetada para ser uma ferramenta útil à visualização científica e, quando foi lançada, começaram a chamá-la de Holodeck [de holografia]”, contou Brown. “Ela teve diferentes aplicações, como em um projeto de reconstituição virtual do bairro do Harlem [em Nova York] no período de 1920 a 1930.”

Nova versão

Em 2012, os pesquisadores do EVL lançaram uma nova versão da caverna digital, a Cave2. Inspirado na “sala de guerra” do filme Dr. Fantástico, de Stanley Kubrick (1928-1999), lançado em 1964, o ambiente de realidade virtual tem cerca de 24 metros de diâmetro e 8 metros de altura e é composto por uma única parede curva com mais de 70 telas de cristal líquido (LCD) sensíveis ao toque (touch screen).

A sala oferece aos usuários uma visão panorâmica de 320 graus de imagens com resolução de 37 megapixels (milhões de pixels) em 3D ou 74 megapixels em 2D projetadas na parede de telas de LCD.

A parede de telas pode ser utilizada tanto para a exploração de simulações de realidade virtual como para análises de grandes volumes de imagens colocadas lado a lado.

As imagens são visualizadas em conjunto e tocadas e manipuladas com os dedos por meio de uma tecnologia de exploração interativa de dados visuais, desenvolvida no EVL nos últimos anos cinco anos, inspirada no filme de ficção científica Minority Report, de Steven Spielberg, de 2002.

No longa, o personagem interpretado pelo ator norte-americano Tom Cruise usa luvas especiais e gestos para manipular arquivos de imagem, áudio e outros dados projetados em uma tela transparente.

“A parede de telas da Cave2 também permite misturar imagens e dados, como gráficos, de um mesmo problema que um grupo de pesquisadores está tentando solucionar para que possam analisá-los de uma forma global”, disse Brown.

De acordo com a pesquisadora, o ambiente de realidade virtual está sendo utilizado no Projeto Batman, do EVL, chamado assim em alusão a uma cena do filme Batman: o cavaleiro das trevas, dirigido por Christopher Nolan e lançado em 2008, em que o personagem Lucius Fox, interpretado pelo ator norte-americano Morgan Freeman, monitora a ocorrência de crimes na cidade fictícia de Gotham em uma parede curva de monitores.

O projeto tem o objetivo de visualizar os dados de criminalidade de Chicago – como os locais onde ocorrem crimes com maior frequência – para ajudar a polícia e os tomadores de decisão a desenvolver ações mais efetivas de combate ao crime.

“Reproduzimos toda a cidade de Chicago por meio de imagens de satélite fornecidas pelo Google Maps e projetamos na tela da Cave2”, disse Brown. “Ao fazer isso, os serviços de inteligência podem visualizar diversas áreas da cidade ao mesmo tempo e fazer comparações sobre locais onde ocorrem mais crimes, por exemplo, o que não era possível antes.”

Aplicações científicas

Segundo Brown, a Cave2 também tem sido utilizada para grandes projetos científicos nos Estados Unidos, como o Human Connectome Project.

Lançado em 2009 pelos National Institutes of Health (NIH), o projeto pretende identificar e mapear todas as conexões neuronais de um cérebro humano adulto.

Algumas das imagens de redes neurais já produzidas por equipamentos de ressonância magnética têm sido analisadas no ambiente de realidade virtual.

“A Cave2 possibilita que os neurologistas possam analisar o funcionamento do cérebro por meio de imagens de ressonância magnética com um nível de detalhe muito maior do que se conseguia”, afirmou Brown.

Mais recentemente, um grupo de pesquisadores do Programa de Ciência e Tecnologia em Astrobiologia para Exploração de Planetas (Astep, na sigla em inglês), da agência espacial dos Estados Unidos (Nasa), começou a usar o ambiente de realidade virtual para avaliar os resultados de testes em campo de um veículo autônomo submarino projetado para explorar a superfície de gelo na lua Europa – uma das quatro luas do planeta Júpiter.

Denominado Endurance, o robô foi projetado para navegar sob o gelo, coletando dados e amostras da vida microbiana e mapeando o ambiente subaquático para a produção de mapas tridimensionais.

A fim de prepará-lo para a missão – que deverá ocorrer após 2020 –, os pesquisadores fizeram uma série de testes em campo em lugares como o Lago Bonney na Antártica, que tem uma cobertura de gelo permanente.

Os dados coletados pelo robô na Antártica foram transmitidos ao EVL para a geração de imagens tridimensionais, mapas e representações de dados do lago.

Os pesquisadores do laboratório criaram, então, uma ferramenta para a visualização simultânea de centenas de imagens georreferenciadas e em alta resolução da camada de gelo que cobre o lago. Com isso, é possível estudar, por exemplo, a distribuição de sedimentos presos na superfície do gelo.

“A reunião dos engenheiros que projetaram o robô com os cientistas envolvidos na coleta de dados do projeto na sala de realidade virtual permite que eles entendam os problemas uns dos outros e estudem soluções de forma conjunta”, avaliou Brown.



fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti Por Elton Alisson http://agencia.fapesp.br/cinema_estimula_avanco_da_visualizacao_cientifica/19846/

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Tecnologias do cinema têm aplicações científicas




Agência FAPESP – No fim de agosto, um grupo de pesquisadores brasileiros transmitiu, ao vivo, uma versão com 15 minutos de duração do filme mudo São Paulo: sinfonia da metrópole, de 1929, em resolução 4K (com definição de imagem quatro vezes maior que os televisores Full HD) do teatro central da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), na capital paulista, para a sala de concertos da New World Symphony, em Miami, nos Estados Unidos.

Simultaneamente, outro grupo de pesquisadores transmitiu, de Miami para São Paulo, também em tempo real, o mesmo filme projetado na sala de concertos da orquestra americana – mas com a trilha sonora, tocada ao vivo por um trio de instrumentistas, com qualidade de som surround (em 24 canais de áudio).

A demonstração, feita por meio de uma malha de 10 mil quilômetros de cabos de fibra óptica submarinos existentes entre São Paulo e Miami e a uma velocidade de conexão de 10 gigabits por segundo (Gbps), é uma das tecnologias de transmissão de imagens de alta definição em redes de ultravelocidade que vêm sendo pesquisadas nas áreas de Cinema e Mídias Digitais.

Além do emprego na indústria do entretenimento, a tecnologia tem sido aplicada em vários campos da Ciência e na divulgação científica e pode ajudar a solucionar problemas observados na internet acadêmica e comercial, apontaram pesquisadores participantes do CineGrid Brasil, congresso internacional realizado nos dias 28 e 29 de agosto no teatro da FMUSP.

“Acreditamos que a imagem em alta definição substituirá o filme em película de 35 milímetros usado até agora pelo cinema, em razão da própria qualidade e pela possibilidade de ser transmitida on-line e em tempo real”, disse Jane de Almeida, professora e pesquisadora do Laboratório de Artes Cinemáticas e Visualização (LabCine) da Universidade Presbiteriana Mackenzie e um dos coordenadores do evento, à Agência FAPESP.

“A perspectiva da imagem em alta definição é tornar possível o cinema ‘expandido’, que extrapola o espaço tradicional das salas de cinema convencionais e permite que imagens em movimento em alta resolução sejam exibidas em tempo real em espaços multiuso e tenham aplicações em áreas como a telemedicina, a astronomia e a microscopia”, avaliou a pesquisadora.

Já Laurin Herr, fundador do CineGrid, afirmou em palestra no evento que os setores de entretenimento, arte e cultura e ciência e tecnologia levam as mídias digitais adiante e compartilham as mesmas necessidades. “As três áreas precisam de mais velocidade e acesso mais fácil à internet, além de computadores e equipamentos mais robustos para armazenar, distribuir e visualizar grandes quantidades de dados”, avaliou.


Evolução da tecnologia

De acordo com o especialista, as primeiras tentativas de se fazer cinema digital foram da Nippon Telegraph and Telephone (NTT), do Japão, no início da década de 1980.

Em uma conferência da área de cinema, em 1981 em Los Angeles, os pesquisadores da empresa de telecomunicações japonesa exibiram um projetor digital que despertou o interesse de cineastas como Francis Ford Coppola, diretor, entre outros, da trilogia O Poderoso Chefão. A tecnologia, contudo, levou mais de 20 anos para chegar às telas de cinema por causa dos altos custos das câmeras e dos projetores.

Só a partir do início dos anos 2000 os grandes estúdios começaram a testar uma tecnologia de captação de imagens digitais chamada 2K, com resolução de 2.048 pixels na horizontal e 1.080 na vertical e levemente superior à da HDTV, que exibe imagens com definição de 1.920 pixels na horizontal e 1.080 na vertical.

Já a partir de 2006 os estúdios começaram a utilizar a tecnologia 4K, com definição de 4.096 pixels na horizontal e 2.160 na vertical, que se tornou o segundo formato de imagem digital adotado atualmente pelo setor, ao lado do 2K.

“O 4K hoje não é mais apenas uma teoria e está presente no cinema, na televisão, nos videogames, na ciência e na medicina”, afirmou Herr.

“A melhor resolução da tecnologia 4K possibilita imagens maiores, com mais detalhes e maior imersão. No cinema, isso permite aumentar o envolvimento do público com o filme. Já nas Ciências possibilita aos pesquisadores visualizar melhor um microrganismo ou um órgão humano, por exemplo, com maior definição”, avaliou.

No fim do evento, no dia 29, houve uma transmissão, ao vivo, de uma cirurgia de catarata realizada no Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) para o teatro da FMUSP a partir de duas câmeras 4K acopladas a microscópios e usando uma rede de 10 Gbps da Rede ANSP (Academic Network at São Paulo, um programa da FAPESP).

Além de mostrar o procedimento em altíssima resolução, a tecnologia de transmissão permite que um maior número de médicos em formação acompanhe com detalhes a cirurgia, disse Cícero Inácio da Silva, coordenador adjunto da Universidade Aberta do Brasil (UAB) da Unifesp.

“Geralmente, uma cirurgia como essa é acompanhada por, no máximo, um aluno ou um médico residente, o chamado carona”, disse Silva. “A transmissão do procedimento em 4K e em uma rede de alta velocidade permite que uma plateia de médicos em formação assista em um auditório, por exemplo.”

Em dezembro, os pesquisadores pretendem transmitir ao vivo outra cirurgia oftalmológica de São Paulo para Miami em resolução 4K – mas agora em 3D.

Desafios tecnológicos

O objetivo dos experimentos, além de demonstrar para a comunidade de pesquisa a viabilidade das transmissões de grandes volumes de imagens em alta definição, é testar a eficiência das redes ópticas.

Embora em países como Estados Unidos e Alemanha essas redes já alcancem 160 Gbps – equivalente a 160 mil vezes a velocidade média da internet banda larga no Brasil, de 2 Gbps –, ainda é difícil transmitir filmes em tempo real em razão de problemas como o delay (atraso do sinal).

“Hoje, há um delay de 130 milissegundos na transmissão de dados por rede óptica entre São Paulo e Miami e de meio segundo entre São Paulo e o Japão”, disse Luis Fernandez Lopez, coordenador geral da Rede ANSP. “Nesses dois casos, são problemas físicos, de velocidade da luz na fibra óptica, que é menor que a do vácuo e não dá para ser aumentada.”

O problema maior é que, para transmitir um filme em 4K por uma rede de alta velocidade como a que conecta São Paulo a Miami, é preciso comprimi-lo na transmissão em pacotes de dados de cerca de 500 megabits por segundo – uma vez que uma única imagem pode ter 8 megapixels (milhões de pixels) – e descomprimi-lo na chegada ao local de exibição.

O processo de compressão e descompressão aumenta o atraso e piora o problema de transmissão, segundo Lopez. “Se esses filmes em 4K puderem ser transmitidos sem compressão, esse problema do delay será reduzido. Por isso, os profissionais da área de mídias digitais gostariam de contar com uma rede de fibra óptica de 10 gigabits por segundo, para transmitir filmes nesse formato de imagem sem problemas de transmissão.”

De acordo com Lopez, essa mesma demanda por redes mais rápidas e eficientes é compartilhada por pesquisadores das áreas de Astronomia e Física de Partículas.

Ao estudar os problemas de controle da qualidade do sinal na transmissão de filmes digitais, é possível desenvolver soluções para melhorar o desempenho das redes acadêmicas.

“O auxílio à realização dessas demonstrações traz uma grande vantagem para nós, da Rede ANSP, porque exercitam e nos preparam para atender a demanda dos pesquisadores do Estado de São Paulo”, disse.

“Quando um físico de partículas nos procura pedindo um link de 10 gigabits por segundo com o Cern [Organização Europeia para Pesquisa Nuclear, na Suíça, que abriga o Grande Colisor de Hádrons (LHC)] para realizar um experimento que não pode ter falha de transmissão e perder dados, nos sentimos seguros porque já fizemos para o CineGrid”, disse.

Comunidade de pesquisa

Esta foi a segunda vez que o evento ocorreu no Brasil – a primeira foi em 2011, no Rio de Janeiro. Ele é organizado em diferentes países pela associação internacional sem fins lucrativos CineGrid.

Fundada em 2004 nos Estados Unidos, a associação teve como objetivo inicial constituir uma comunidade interdisciplinar focada em pesquisa, desenvolvimento e demonstração de ferramentas colaborativas em redes, para permitir a produção, o uso, a preservação e o intercâmbio de mídia digital de altíssima qualidade em redes ópticas de alta velocidade.

A associação começou a ser planejada no início dos anos 2000, quando começou a convergência de tecnologias digitais na indústria do cinema. Hoje, reúne cerca de 50 membros ao redor do mundo, incluindo universidades, instituições de pesquisa, estúdios de cinema, desenvolvedores de software e hardware e redes acadêmicas como a Rede ANSP.



fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti http://www.agencia.fapesp.br/19792 11/09/2014 Por Elton Alisson