segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Narciso Rodriguez OUTONO - INVERNO 2015 / 2016 na Semana de Moda de NY

O estilista dá uma cara super minimalista pro tema com silhueta que alonga o corpo – muita cintura alta, coletes e casacos um pouco acima do tornozelo mais neoprene, couro, seda e tricôs com cara de segunda pele. Apesar das peças com visual bem clean, o final do desfile conta com bordados florais e outros desenhos abstratos.

Clica na foto pra acessar a galeria!

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti
http://www.lilianpacce.com.br/desfile/narciso-rodriguez-outono-inverno-201516/

Cultura e conhecimento são ingredientes essenciais para a sociedade.


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Bloor West Village Toronto Ukrainian Festival


Since the 1880s, when immigrants from Ukraine to Canada embraced the opportunity to work, prosper and raise families in peace and freedom, Ukrainian culture has enriched the Canadian landscape in every facet of life. Today, over four million people in Canada can trace their heritage to Ukraine, and Ukrainian Canadians, by virtue of 120 years of contribution, are well organized and respected members of their communities. 



In 1995, Toronto was twinned with Kyiv, the capital of Ukraine, and to mark this occasion, the Bloor West Village Toronto Ukrainian Festival was established under the umbrella of the Ukrainian Canadian Congress - Toronto Branch. Originally known as the Bloor West Village Ukrainian Festival, it was meant to be a showcase of the most widely identifiable aspects of Ukrainian culture in Canada – music, dance, food, visual arts and community. It was an instant hit, establishing itself as one of the premier Ukrainian festivals in North America and growing to attract audiences well in excess of 500,000 from across Canada, the US and abroad. 

The Festival takes pride in turning its spotlight on contemporary professional and amateur artists and performers from North America and Ukraine, and in celebration of Toronto’s diversity, invites a local performing group representing another culture to bring its talents to the main stage each year. 

Throughout its history, the Festival has hosted prime ministers and other politicians from all levels of government. The parade that launches each Festival has been led by marshals including the Rt. Hon. John Turner, businessman and philanthropist James Temerty, music legend Randy Bachman, investigative journalist Victor Malarek, Senator Raynell Andreychuk, media celebrities Luba Goy, Mimi Kuzyk and Ted Woloshyn, community activist Maria Szkambara, former vice-president of TorStar and Metroland Media Group Ron Lenyk, celebrity chef Ken Kostick, Ottawa Senators owner Eugene Melnyk, and former Ontario Education Minister Gerard Kennedy.

The Festival’s main stage has seen top performers from Ukraine including Ruslana, Vopli Vidopliassova, Mad Heads XL, Mandry and Pikardiska Tersia, as well as The Ukrainians from England, Canada’s many Ukrainian dance companies such as Barvinok, Desna and Rusalka to name a few, and bands such as Edmonton’s Kubasonics and many others.

The Bloor West Village Toronto Ukrainian Festival also has provided an opportunity for outreach to those who have taken part in the parade, the stage and the kiosk areas, including the Canadian Armed Forces, the Scotiabank Run, the Ukrainian Collective of Artists, university student clubs, dance groups, choirs, sports and martial arts clubs, and local, municipal and federal politicians. As a result, it attracts diverse audiences of multi-generational families. Repeat visitors are a mainstay, as evidenced in bookings at the Festival’s host hotels, from letters and emails, and from the reports of local business owners and street vendors.

The Festival has a Board of Directors and a committee of organizers whose members bring their diverse experiences and ideas to the table. Some volunteer in other festivals such as Harbourfront and the Toronto International Film Festival, as well as in industry meetings, seminars and tourism conferences. The Bloor West Village Toronto Ukrainian Festival is a member of Ontario Tourism, Tourism Toronto, Festival and Events Ontario, SOCAN and the Ukrainian Canadian Congress - Toronto Branch.

@edisonmariotti #edisonmariotti http://www.ukrainianfestival.com/about.htm

colaboração: 

Irma Arevadze

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Curta feito por jovens da periferia de SP é eleito para festival em Londres.

Cena do curta "Samba e Silêncio", feito por 14 jovens da periferia de São Paulo como trabalho final de um curso gratuito de cinema Divulgação


É Nóis na Fita


Um curta-metragem feito por 14 jovens da periferia de São Paulo, como trabalho final de um curso gratuito de cinema, sequer estreou nas salas do país e já foi selecionado para integrar um festival em Londres, que acontece até o dia 5 de setembro. O filme "Samba e Silêncio", dirigido por Bianca Martino, 19, será exibido no InShort Film Festival como parte da mostra "Brazil in Focus", que inclui outros cinco curtas nacionais: os documentários "Meu Guri – Além do Castigo" (2014) e "Proibidão" (2012), as ficções "Nego" (2011) e "A Rua É Pública" (2013), e o experimental "Maldito Judim" (2010).

A trama, de pouco mais de cinco minutos, apresenta uma família (a mãe, Cida, e o filho, Jonathan) que enfrenta a perda do pai, Tião, morto de forma repentina. O homem deixou a rádio comunitária que comandava e uma mulher em depressão, que coloca um disco na vitrola para manter vivas suas lembranças. O filho resolve, então, continuar a trajetória do pai e dar um novo ânimo à mãe.

A trilha do filme, embalada pela música "Por um Fio", interpretada pelo grupo paulistano Filarmônica de Pasárgada, resume em seus versos a essência da história: "Saiu, nem me deu adeus, sumiu. Nem bateu a porta, viu. Nem levou o que era seu. Eis o nó do nosso amor, só por um fio. E agora meu samba é silêncio". "Primeiro pensamos numa música do Cartola chamada 'Corra e Olhe o Céu', só que ia ficar muito complicado por causa dos direitos autorais. Essa banda era mais acessível", conta a roteirista Marina Carafini, 20.

"Samba e Silêncio" foi rodado em um único sábado de novembro, em três locações no Brás. A equipe trabalhou com atores profissionais, mas contou com a boa-vontade da caseira da Escola Estadual Padre Anchieta, onde o curso de dois meses foi ministrado, para filmar na casa dela, no terreno do próprio colégio. "Não podíamos nos deslocar muito, por conta dos equipamentos. E a dona Ana cozinhou para nós, fez um macarrão excelente. Ela aparece nos créditos finais de agradecimento", conta Marina.

Dramas e sonhos

Além de passar no festival de Londres, "Samba e Silêncio" e mais dois curtas ("Isabela" e "Sobre Viver") feitos por alunos do curso É Nóis na Fita --aberto no início de 2014 em São Paulo-- estarão presentes no Festival Cine Inclusão, de 9 a 19 de setembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo. O evento vai reunir 26 curtas-metragens (documentários e contos ficcionais) assinados coletivamente, cuja temática se concentra na realidade, nos dramas e sonhos de jovens da periferia paulistana. Na programação também há filmes de países como Argentina, México e Colômbia, e outros dois curtas nacionais ("Meu Guri - Além do Castigo" e "Maldito Judim") vão passar tanto no Memorial quanto no festival inglês.

"Quando fomos escolhidos para o Cine Inclusão foi uma felicidade, a gente achava que o filme não seria visto em lugar nenhum. E a gente nem tinha noção de que estava concorrendo para passar em Londres. Gostaria muito de saber o que eles vão achar, porque não vou estar presente", diz Marina. "E a banda também, que ainda é iniciante e nunca foi para fora do país, agora vai", completa a estudante, que pretende fazer no futuro um documentário para a avó. "Ela brincava num rio perto de casa que está enterrado, mas ainda consigo ouvi-lo. Penso em fazer algo para resgate de memória. São Paulo não tem mais água, mas está cheia de córregos soterrados", conta ela, que é moradora da Vila Matilde, na zona leste.

Para Marina, os jovens da periferia e outros grupos que não têm tanta representatividade social precisam se retratar mais nas telonas. "Temos que falar sobre nós mesmos, não existem esses temas no cinema de massa, e aí você não aproxima, não cria empatia com o público. Quando alguém se identifica com a nossa história e se reconhece nela, é possível inspirar a mudança, fazer algo diferente", analisa Marina. A diretora Bianca concorda: "Acredito que no Brasil há produções muito diversas, de diferentes estados e realidades, mas não temos acesso a toda essa variedade. Os poucos cinemas aqui na zona leste, por exemplo, passam no máximo cinco filmes por vez, quase todos blockbusters de Hollywood. Essa limitação é prejudicial, pois, se eu não tenho conhecimento, como posso saber se gosto ou não?".

Nova turma

Criado no início de 2014, o curso É Nóis na Fita atende jovens carentes de 15 a 20 anos de toda São Paulo. Por ano, são formadas cinco turmas de 25 alunos cada, que têm aulas por nove finais de semana. No ano passado, o resultado foi a produção de dez curtas-metragens com cerca de cinco minutos, exibidos no Cine Livraria Cultura no início de 2015.

Idealizado há sete anos, o projeto é coordenado pela diretora, roteirista e atriz Eliana Fonseca --a Cacilda de "Rá-Tim-Bum", a babá de Nino em "Castelo Rá-Tim-Bum", da TV Cultura, e atualmente no ar como Oneida de "Chapa Quente", da Globo. "Fazemos uma seleção pela internet e prova presencial, com dinâmica. Temos oito professores da USP (Universidade de São Paulo) e do Senac, fora os convidados, e dez monitores", diz Eliana.

A próxima turma do curso será na Associação Escola da Cidade, centro de São Paulo, e está com inscrições abertas até o dia 6 de setembro. "Muitos chegam aqui querendo fazer filmes épicos, de 'Ben-Hur' para cima. Mas aí buscamos aguçar o olhar, ensinar a linguagem cinematográfica, trabalhar o poder de síntese e o mundo em volta deles, com temas como sexualidade, superação, dificuldades para vencer na vida, falta de estrutura", explica Eliana.

"Esses meninos estão sedentos por informação, oportunidade, mostram até mais interesse do que outros alunos. A maioria quer seguir carreira, apesar de não ir muito ao cinema, que é caro. Acabam vendo na TV, em DVD ou baixando na internet", diz a coordenadora do É Nóis na Fita. "Como fruto do curso, alunos do CEU Quinta do Sol, na zona leste, já abriram uma microprodutora independente".
fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti 
Made In Brazil Entertainment
http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2015/09/02/curta-feito-por-jovens-da-periferia-de-sp-e-eleito-para-festival-em-londres.htm

"0s homens têm que aprender a ficar na sombra", diz Anna Muylaert -- Cláudio Assis e Lírio Ferreira são banidos de atividades da Funaj por postura em debate de 'Que Horas Ela Volta?' em Recife.

Muylaert, Regina Case e Camila Márdila. Três mulheres protagonizam o sucesso do filme Que Hoi'cis Ela Volta?, premiado em Sundance, no Festival de Berlim e cotado para representar o País no Oscar. Apesar disso, o destaque feminino não foi respeitado no debate promovido no último sábado, 29, pela Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), no Cinema do Museu, no Recife. Presentes a comité da própria diretora, os cineastas pernambucanos Cláudio Assis e Lírio Ferreira tumultuaram o debate ao interromperem insistentemente as falas da diretora, dos organizadores e questões da plateia.







Segundo a organização, Cláudio não estava escalado para fazer parte da mesa e no entanto subiu no palco com a diretora, tomou o microfone e falou do filme que Anna fará com ele. "Com esse filme, venho sentindo que caí numa zona mais ou menos masculina. Tenho sentido os homens tentando me ofuscar em várias situações, como se o brilho feminino fosse algo perigoso", incomoda-se a diretora Anna Muylaert.

Fundação Joaquim Nabuco / Ministério da Educação


NOTA
A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) informa que. diante do comportamento lamentável dos cineastas Cláudio Assis e Lírio Ferreira no Cinema do Museu, no último sábado (29), não permitirá qualquer evento envolvendo os dois realizadores, e suas respectivas produções, em qualquer espaço da Fundaj. A punição tem validade por um ano.

Em respeito ao público e prezando pela promoção da Educação e da Cultura, de forma democrática, a Fundaj reafirma seu compromisso com a qualidade e o respeito aos seus diversos públicos.

Em relação à represália, Anna diz ter dois sentimentos. "Como pessoa, acho humilhante para com meus amigos. Como cidadã, acho importante, porque realmente não é direito deles". Disse também que muitas pessoas ficaram satisfeitas com a medida, que segundo ela serve para esclarecer onde começa o machismo. "Não é o caso de demonizar. É preciso partir do episódio para discutir ideias. A discussão é muito maior do que eles".

A jornalista pernambucana Carol Almeida e o diretor de arte do filme, Thales Junqueira, presentes no debate, também comentaram o acontecido nas redes sociais. "Detesto linchamentos, aquela síndrome generalizada de Carandiru, punitiva, violenta e tantas vezes cega. Conheço Lírio há muitos anos e adoro ele. Lírio realmente é um cara doce, gentil, amoroso, que está passando por um momento difícil e que precisa da ajuda dos amigos. Mas o que aconteceu 110 Cinema do Museu não foi apenas falta de respeito, de educação, foi machismo também. Imagino que isso não teria acontecido se o debate fosse com um diretor homem amigo. Será que eles teriam atrapalhado um debate de Felipe Barbosa? Ou de Kleber Mendonça? questionou Junqueira em seu perfil pessoal.


Regina Casé interpreta Val em 'Que Horas Ela Volta?',
 'mulher do povo' que a atriz se diz orgulhosa de interpretar

Alina, que tem viajado muito na divulgação de Que Horcis ela Volta?, descreve outras situações similares em que seu protagonismo como diretora tem sido secundarizado, no Brasil e no exterior. "É uma questão nacional e mundial. Em Hollywood também, as mulheres estão falando [referência ao discurso da atriz Patrícia Arquette no Oscar deste ano]. Não dá mais, as mulheres vão brilhar sim, não vão ficar em casa. E os homens têm que aprender a ficar na sombra, a ouvir, não só a falar. As mulheres aprenderam a falar e eles vão ter que se conformar", diz a diretora. "No início do cinema, quase só tinha mulher. Quando começou a dar dinheiro, as mulheres foram expulsas. 0 mundo do dinheiro é masculino. Quando meu filme vendeu e cresceu, pequenas coisas passaram a me fazer sentir que sou intrusa. É como se ninguém soubesse muito bem como lidar comigo agora".


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fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti

colaboração:
Roseli Biage 


JULIANA DOMINGOS DE LIMA • ESPECIAL PARA O ESTADO DE S. PAULO
http://cultura.estadao.com.br/noticias/cinema,os-homens-tem-que-aprender-a-ficar-na-sombra--diz-anna-muylaert,1753933

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Filmes utilitários, amadores, órfãos e efêmeros: repensando o cinema a partir dos ‘outros filmes’

Os estudos de cinema têm vindo a construir-se, em larga medida, em torno do filme de ficção, dentro de um paradigma predominantemente estético, autoral e nacional. Apesar de constituírem a maior parte da produção mundial, os filmes de não-ficção – uma categoria alargada, de metragem variada, que inclui gêneros tão díspares como o filme de viagem, o filme utilitário e ‘efêmero’ (industrial, turístico, educativo, publicitário), o filme de atualidades, o filme amador e doméstico e os chamados filmes 'órfãos' – têm sido sistematicamente marginalizados ou mesmo excluídos das várias histórias e historiografias do cinema, nacionais e internacionais.



Em Portugal, a importância desta vasta produção para a sobrevivência da indústria cinematográfica não a impediu de se tornar, na expressão de Paulo Cunha, num ‘cinema invisível’ (2014). As recentes melhorias no acesso a arquivos de imagem em movimento, bem como a crítica do paradigma estético dominante, a favor de abordagens ‘historicamente mais neutras’ (Stephen Bottomore, 2001), têm vindo a encorajar a investigação deste ‘território não-cartografado’ (Daan Hertogs e Nico de Klerk, 1997), resultando num aumento significativo de publicações nesta área.

Este dossiê temático da Aniki pretende reunir artigos que discutam, não apenas questões diretamente relacionadas com estes filmes – como é que podem ser investigados e para quê; quais os problemas que suscitam em termos teóricos e metodológicos; como podem ser programados – mas também aspectos relacionados com o campo em si – nomeadamente, como é que a atenção a novos objetos de estudo poderá implicar novas formas de conceber o cinema e a sua história. Ou seja, como é que podemos repensar o cinema a partir dos ‘outros filmes’?

Contributos vindos de áreas como os estudos de cinema, os estudos culturais, a história, a sociologia e a antropologia serão bem vindos. Será dada prioridade a casos de estudo originais e bem fundamentados, provenientes de vários arquivos e cinematografias.

Os artigos recebidos serão sujeitos a um processo de seleção e de revisão cega por pares. Antes de submeter o seu artigo completo, consulte as Políticas de Secção e as Instruções para Autores.


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Sofia Sampaio, Raquel Schefer e Thaís Blank coordenam, desde 2013, o grupo de trabalho ‘Outros Filmes’ da AIM.

Sofia Sampaio é Investigadora Auxiliar no Centro em Rede de Investigação em Antropologia (CRIA), do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), onde integra o grupo de investigação ‘Práticas e Políticas da Cultura’. Tem publicado em várias revistas científicas nacionais e internacionais, tais como: Textual Practice; Journal of Tourism and Cultural Change; Etnográfica; Cadernos de Arte e Antropologia; Ler História; Culture Unbound: Journal of Current Cultural Research; Scope: An online Journal of Film and Television Studies; Cinema: Journal of Philosophy and the Moving Image. Atualmente é Investigadora Principal do Projeto ‘Atrás da câmara: práticas de visualidade e mobilidade no filme turístico português’ (EXPL/IVC-ANT/1706/2013), financiado por fundos nacionais através da FCT/MCTES.

Raquel Schefer é investigadora, realizadora e programadora de cinema. Doutoranda em Estudos Cinematográficos na Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris 3, finaliza uma tese dedicada ao cinema revolucionário moçambicano. Mestre em Cinema Documental pela Universidade del Cine de Buenos Aires, publicou a sua tese de mestrado, “El Autorretrato en el Documental”, na Argentina, em 2008. Licenciada em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, é atualmente membro do comité editorial das revistas La Furia Umana e General Intellect. Publicou artigos em revistas nacionais e internacionais, tais como: Aniki; Cibertronic; Débordements; Imagofagía; La Clave; LaFuga; Kronos: Southern African Histories; Le Journal de la Triennale; Poiésis; Textos e Pretextos; Visaje, entre outras.

Thais Blank é investigadora, montadora e realizadora. Doutoranda em Comunicação e Cultura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011) em regime de cotutela com a Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne. É mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ (2010). Possui graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2007). Atualmente é supervisora do Núcleo de Audiovisual e Documentário do CPDOC/FGV. Possui artigos publicados em revistas nacionais e internacionais, tais como: Devires; Laika; Significação; Doc On-line; História da Mídia, entre outras.


Dossiê Temático: Outros Filmes
Prazo: 31 dezembro 2015
Editores: Sofia Sampaio, Raquel Schefer e Thaís Blank

fonte: @MadeinBrazil @edisonmariotti #edisonmariotti  aim.org.pt/aniki/

sábado, 1 de agosto de 2015

10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo



O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo nasceu em 2006, quando respondíamos pela Secretaria de Estado da Cultura. Em sintonia com a Fundação Memorial da América Latina, lançamos sua semente com a proposta de contribuir para a evolução do papel protagonista que a cinematografia da América Latina então experimentava. Tínhamos como foco a troca de informações para possíveis ações conjuntas, no sentido de consolidar e melhor compreender a produção audiovisual da região. 



Nesta década de existência que comemoramos agora, o festival lançou mão de muita criatividade para realizar suas edições. Esforço gratificante. Dez anos depois, o evento torna-se referência internacional como espaço de exibição e discussão dos caminhos do audiovisual da América Latina e do Caribe. 

Resistência e criatividade também são marcas de nossa atuação na Fundação Memorial da América Latina, iniciada no final de 2012. Uma gestão marcada pela determinação em recuperar o essencial dos sonhos de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer. E seguir o interesse pela América Latina por parte dos diversos governos do estado de São Paulo, mesmo antes da criação do Memorial (1989), até os dias de hoje. E essa criatividade, aliada à ideia de parcerias, mais do que nunca se faz necessária. O mais recente sucesso dessa conjunção foi, em junho deste ano, o show em homenagem ao cantor Cazuza, que trouxe cerca de 40 mil pessoas para nossa Praça Cívica. Evidência de que o Memorial se afirma como o grande Espaço Público da Cultura Latino-Americana em nosso estado, em nossa cidade, em nosso país. 

O Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo também abrilhanta nossa Praça Cívica. Assim como em 2014, nela acontecem projeções, em tenda cuidadosamente aparelhada para tal. Os debates e encontros são realizados na Biblioteca Latino-Americana, enquanto o credenciamento, a convivência e as confraternizações têm lugar na Galeria Marta Traba. Faço aqui um registro especial às diversas parcerias e apoios que muito nos honram, como a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, a Secretaria Municipal de Cultura, Petrobras, Sabesp, Sesc, Prodesp, Cinemateca Brasileira e Cinusp. A todos, nossos sinceros agradecimentos.

Assim, pelo décimo ano consecutivo, diretores, produtores, acadêmicos e outros profissionais do mercado se unem a cinéfilos apreciadores do cada vez mais elogiado e premiado cinema realizado por toda a nossa querida América Latina. Um ótimo festival a todos! 

João Batista de Andrade
Presidente 


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¡Diez años! 

El Festival de Cine Latinoamericano de São Paulo nació en 2006, cuando respondíamos por la Secretaría de Estado de la Cultura. En sintonía con la Fundación Memorial de América Latina, lanzamos su semilla con la propuesta de contribuir con la evolución del papel protagonista que en aquel momento experimentaba la cinematografía de América Latina. Nuestro enfoque era el intercambio de informaciones para posibles acciones conjuntas, en el sentido de consolidar y entender mejor la producción audiovisual de la región. 

En esta década de existencia, que ahora conmemorarnos, el festival usó mucha creatividad para realizar sus ediciones. Pero fue un esfuerzo gratificador. Diez años después, el evento pasa a ser referencia internacional como espacio de exhibición y discusión de los caminos del audiovisual de América Latina y del Caribe. 

La resistencia y la creatividad también son marcas de nuestra actuación en la Fundación Memorial de América Latina, comenzada a finales de 2012. Una gestión señalada por la determinación de recuperar lo esencial de los sueños de Darcy Ribeiro y de Oscar Niemeyer. Y acompañar el interés en América Latina por parte de los diversos gobiernos del estado de São Paulo, antes incluso de la creación del Memorial (1989) hasta la actualidad. Esa creatividad, unida a la idea de alianzas, se hace necesaria más de lo que lo fue nunca. El más reciente éxito de tal conjunción fue la realización, en junio de este año, del show en homenaje al cantante Cazuza que trajo a casi 40 mil personas a nuestra Plaza Cívica, una evidencia de que el Memorial se afirma como el gran Espacio Público de la Cultura Latinoamericana en nuestro estado, en nuestra ciudad y en nuestro país. 

El Festival de Cine Latinoamericano de São Paulo también da brillo a nuestra Plaza Cívica. Así como en 2014, en ella se realizan proyecciones, en una carpa cuidadosamente preparada para esa función. Los debates y encuentros se realizan en la Biblioteca Latinoamericana, mientras que el registro, la convivencia y las confraternizaciones se realizan en la Galería Marta Traba. Quiero hacer una mención especial a las diversas alianzas y apoyos que tanto nos honran, como los que tenemos con la Secretaría de Estado de la Cultura de São Paulo, Secretaría Municipal de Cultura, Petrobras, Sabesp, Sesc, Prodesp, Cinemateca Brasileira y Cinusp. A todos ellos, nuestro sincero agradecimiento. 

De tal forma, por el décimo año consecutivo, directores, productores, académicos y otros profesionales del mercado se unen a cinéfilos apreciadores del cada vez más elogiado y premiado cine realizado por toda nuestra querida América Latina. ¡Les deseamos un excelente festival a todos! 

João Batista de Andrade
Presidente


terça-feira, 28 de julho de 2015

Como o cinema chegou a crianças de aldeias africanas pelas mãos de um português

O português João Meirinhos anda pelas aldeias mais recônditas de África e Ásia a projetar filmes para crianças. Muitas assustam-se com os dragões das animações






Ainda faltam três mil quilómetros para chegarem a Ulan Bator, a capital da Mongólia, e o termómetro do camião já se aproximou dos 40 graus. João Meirinhos atende a chamada da VISÃO enquanto percorre os arredores de Omsk, na Sibéria, numa estrada longa e sem história, deserta de humanidade. A bordo do camião 4x4 Magirus Dentz, de 1975, que já foi carro de bombeiros na Alemanha e transportou aviões de salvamento para ralis no deserto do Saara, além do antropologista visual nascido em Lisboa, há 30 anos, viajam os italianos Davide, músico e motorista, e Francesca, fotógrafa e clown, que tem tatuado no ombro "o essencial é invisível aos olhos", uma citação de O Principezinho, de Saint-Exupéry.

"Nas últimas três semanas temos guiado cerca de dez horas por dia, entre 400 e 500, no máximo, porque as estradas têm muitos buracos. Ontem por exemplo, demorámos duas horas para fazer 60 km", conta João para quem foi "interessante" falar em português outra vez. Desde 2009 está habituado a pensar em italiano, falar espanhol e francês e pesquisar em inglês na internet. Os outros cinco voluntários seguem noutros dois camiões. Trata-se de Francisca, animadora social e relações públicas de Espanha, e dos franceses Erwan, performer de circo, Lola, editora de vídeo que trata dos contactos com os orfanatos e escolas, Eva, coordenadora do projeto e habituada a trabalhar na área da educação, e Thomas, realizador e coordenador.

Andam na estrada desde abril e já fizeram 30 sessões de cinema em aldeias no meio de nenhures: 15 na Roménia, 5 na Bulgária e na Turquia, 4 na Geórgia e uma na Rússia. "A globalização é o tema principal dos documentários não verbais que mostramos [Home, Baraka ou Microcosmos], cujos direitos de exibição nos foram doados pelos realizadores. Foi a pôr gasolina no gerador durante uma projeção que nos apercebemos que era uma contradição passar filmes sobre ecologia e depois utilizar gasolina para os mostrar. Comprámos mais painéis solares e baterias e agora somos independentes nesse sentido", esclarece João.

Foi precisamente o desperdício de dinheiro de uma sociedade consumista que fez com que João Meirinhos, ao terminar o curso de Ciências da Comunicação na variante de Cinema e Audiovisual, se interessasse por voluntariado. Ainda estagiou numa produtora de cinema publicitário, mas em 2009 fez-se à estrada quando um dos seus companheiros de Erasmus, em Itália, o desafiou: "Vamos fazer cinema com as crianças em África." Mais tarde, criaram uma joint-venture entre os franceses da Lèzards Migrateurs e os italianos da ONG Bambini Nel Deserto. Em 2011, passou por 22 países em dois continentes. Em 2012 voltou a Manchester para um mestrado em Antropologia Visual. "Sou um filho dos ideais de Abril.

Fui educado rodeado de cultura e arte como princípios básicos para o desenvolvimento. E isso nunca mudará. Esta iniciativa claramente não é um emprego, mas sem dúvida que dá muito trabalho."

Aventuras 'on the road'

Para os oito voluntários, todas estas viagens são uma troca inesperada. "É preciso não recear o acaso mas aproveitá-lo. Até agora os melhores momentos foram sempre quando a nossa aparição é uma surpresa, para ambas as partes", partilha João Meirinhos. Tanto em África como na Ásia Central, o facto de serem europeus é imediatamente associado a riqueza. "No Saara usávamos calendários pornográficos e bolas de futebol como moeda de troca para que nos deixassem em paz. Pormenores como bandeiras de cada país, uma foto de Meca ou do presidente Putine a cumprimentar Berlusconi podem evitar problemas. É útil conhecer o vocabulário básico e manter a calma", explica o português.

No meio de tantas aventuras, já teve miúdos a mastigar os restos dos seus ossos de frango; percebeu que um preservativo custa mais que uma prostituta; teve nove furos numa semana devido aos 50 graus do asfalto; já lhe ofereceram uma criança, para trazê-la para a Europa, mas fizeram uma coleta entre todos e por 50 euros ela pôde ir, pela primeira vez, à escola, durante um ano; e, por fim, o grupo decidiu "viver como um burkinabé", com menos de um euro por dia. "Acho que nem duas semanas aguentei a comer sempre a mesma coisa, arroz com molho de amendoim e um pouco de gordura de carne... O Davide foi para o hospital com paludismo. Onde a pobreza é mais extrema é onde ninguém já profere uma queixa", descreve.

Durante as sessões de cinema, são inúmeras as reações dos mais pequenos. No Burkina Faso, por exemplo, gritam quando veem um dragão numa das animações. Projetar a imagem de um camião que passa por cima de uma câmara no chão é meio caminho andado para todos fugirem, pois o efeito 3D fá-los pensar que vão ser atropelados. Na caravana há tempo para tudo, desde criar uma estação de painéis solares para dar energia a uma bomba de água num oásis no sul de Marrocos até organizar uma oficina de mecânica para "rapazes de rua" aprenderem um ofício. Mas nem tudo é um mar de rosas.

João e os sete companheiros já apanharam alguns sustos. O momento de maior stresse deu-se ao atravessarem a fronteira entre Marrocos e a Mauritânia. Foram atraídos a uma armadilha de areia e o camião ficou atolado.

"Surgiram mais de vinte homens aos gritos, em árabe, no meio do nada. Queriam 300 euros para nos ajudarem a desenterrar o camião. Conseguimos fechar negócio por 150 e passámos umas boas três horas até sair dali", relembra João. Em Bamako, capital do Mali, foram raptados por uma espécie de "Unidade de Bons Costumes Islâmica", depois de um dos amigos de João Meirinhos urinar na rua. "Saem uns homens encapuçados com metralhadoras de dentro de um jipe e levam-nos. Quando começaram a 'pescar' mais gente pela rua comecei a perceber o que se passava. Procuravam pessoas 'fora de conduta'. Queriam 7 000 SEFA (8 euros). Acabaram por aceitar os 5 000 que tinha no bolso e ainda nos deram uma boleiazinha para mais perto do acampamento." Se a campanha de crowdfunding chegar a bom porto (indiegogo.com/projects/solar-powered-cinema-mission-mongolia#/ story), conseguirão angariar 3 600 euros até 2 de agosto, e levar a sua sala de cinema itinerante para a China e para a Índia. Ainda há muitas crianças espalhadas pelo mundo à espera de ver cinema pela primeira vez.

fonte: @edisonmariotti #edisonmariotti
Sónia Calheiros (artigo publicado na VISÃO nº1168 de 23 de julho) 
http://visao.sapo.pt/como-o-cinema-chegou-a-criancas-de-aldeias-africanas-pelas-maos-de-um-portugues=f826389#ixzz3hEOHFrC9