A quarta noite do 17º Cine PE Festival do Audiovisual lotou o teatro do Centro de Convenções de Recife, em Olinda, para a primeira exibição de “Rio Doce/CDU”, documentário de Adelina Pontual (foto). Não tinha como ser diferente. A realizadora pernambucana joga seu olhar na cidade, por meio de uma viagem da linha de ônibus que dá título ao filme, o que causou identificação imediata com o público presente. O longa é o único representante do estado que disputa o Troféu Calunga de Ouro.
A ideia inicial era fazer um curta, mas os ricos depoimentos o transformaram no primeiro longa de Pontual. O mérito técnico é indiscutível e só se fala na fotografia de Beto Martins, desde já favorito ao prêmio. A empatia causada pelos depoentes é outro destaque, ainda que nem sempre se entenda tudo que é dito por eles, seja pela qualidade do áudio ou pelos regionalismos.

“A intenção era que o ônibus fosse um pretexto para falar da cidade. Tivemos o apoio da empresa de transportes e testamos bastante o percurso para não interferir no fluxo diário dos passageiros”, conta a diretora.

“Rio Doce/CDU” se estende além do aceitável, com um terceiro ato pouco interessante que prejudica a narrativa. No fim das contas, a força da obra reside principalmente na empatia dos depoimentos e na competente equipe técnica envolvida. O documentário também tenta universalizar a sua proposta, ao alfinetar sutilmente os problemas da cidade, que não são diferentes de outras capitais brasileiras. Ainda assim, é visível que a produção certamente funcione melhor para quem mora ou conhece bem Pernambuco.

“O filme reflete sobre urbanização, mobilidade e qualidade de vida. Não era a intenção entrar em um determinado tema, mas ir soltando algumas farpas sobre a cidade”, diz.

Também foram exibidos os documentários “A Guerra dos Gibis” (SP), de Thiago Mendonça e Rafael Terpins; “Três no Tri” (RJ), de Eduardo Souza Lima, e “À Luz do Dia” (RJ), de Joana Nin, além da divertida ficção “O Fim do Filme” (SP), de André Dib. A realidade é que a competição está morna esse ano, principalmente entre os curtas selecionados.
Na noite de hoje (30), o Cine PE exibe a nova versão de “Bonitinha, mas Ordinária”, de Moacyr Góes, estrelada por Leandra Leal, e os curtas “Desvelo” (BA), de Clarissa Rebouças; “Aluga-se” (SP), de Marcelo Lordy; e “Sagatio – Histórias de Cinema” (PE), de Amaro Filho.
A programação se aproxima do fim, com a divulgação dos vencedores nesta quinta-feira (02).
Foto: Daniela Nader
O Cinema com Rapadura está em Recife/Olinda a convite do 17º Cine PE Festival do Audiovisual.
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